O crescimento do debate social sobre a sustentabilidade tem gerado efeitos positivos no planeta e no próprio hábito de consumo das pessoas. O vegetarianismo e o veganismo, por exemplo, estão em ascensão em Portugal: já são mais de 750 mil portugueses que aderiram à causa e cada vez mais procuram opções que atendam às suas necessidades, o que representa um total de 9% da população do país. Essa tendência fez crescer o número de empresas que oferecem soluções com vegetais nos supermercados, desde multivitamínicos para quem não se alimenta de carne, até alimentos feitos completamente de plantas.
É o caso da espanhola Novameat: a startup está usando tecnologia de impressão 3D para produzir bifes vegetais e pretende comercializá-los no ano que vem. A “carne” é uma alternativa para consumidores que desejam alternativas sem origem animal em sua alimentação. A tecnologia foi apresentada ao público em 2018, durante o Barcelona Mobile World Congress (MWC).
“Não tem a característica de um bife tradicional, mas fiquei surpreso positivamente porque não esperava que a textura seria tão próxima”, afirmou Ferran Gregori, visitante da feira na MWC, depois de experimentar um dos bifes impressos no estande da Novameat, em vídeo de divulgação da empresa.
Como funciona?
O projeto inicial da carne 3D foi do bioengenheiro italiano Giuseppe Scionti. Na visão dele, as máquinas de impressão 3D podem agregar em um processo mais automático de fabricação de carne vegetal, assim como também mais saboroso, o que ajuda a transição para o vegetarianismo ou veganismo.
Para a produção do bife 3D, a impressora recria o bife em plena aparência e consistência, a partir de uma pasta composta por arroz, ervilha e algas marinhas. A partir daí, a criação é feita camada por camada, até que se assemelhe a uma carne crua de origem animal.
Ainda em fase de testes, o principal apelo da Novameat para se diferenciar do mercado de carnes vegetais, que foca principalmente em hambúrgueres e nuggets, foi a textura. A carne 3D tem uma consistência bem mais agradável que as demais do mercado, algo que facilita a ingestão do alimento. E vale destacar que o produto também tem as mesmas propriedades nutricionais que carnes de origem animal, sendo um produto multivitamínico.
Embora o produto já tenha conquistado uma textura bastante semelhante à carne de origem animal, o sabor ainda é bastante distinto, algo a ser trabalhado até o lançamento do produto, em 2022.
Um bife 3D vegetal com textura semelhante à carne animal
Em Portugal, a tendência é de que o novo “bife 3D” ganhe mais adesão, visto que grande parte dos portugueses aderiu ao vegetarianismo. Um estudo da Nielsen mostra que o país teve, em dez anos, um número quadruplicado de pessoas que aderiram à causa. E, mesmo aqueles que não se consideram vegetarianos ou veganos, também diminuíram o consumo de carne no dia a dia.
É importante destacar que a maior parte da motivação do consumo restrito a vegetais tem inúmeras razões. Para além da violência animal, uma das principais motivações, a produção de carne comum também é responsável por 14,5% do total global de emissões de gases causadores do efeito estufa. Há também um imenso consumo de água para a produção de bifes bovinos.
Assim, a Novameat ganha mais espaço: a empresa usa a tecnologia 3D para testar receitas. Os ingredientes são introduzidos por meio de cápsulas, o que configura um processo de produção mais eficiente e barato, segundo Alexandre Campos, diretor de desenvolvimento de negócios da empresa. A impressora é capaz de produzir um bife de 100 gramas em 30 minutos, com custo inferior a US$ 3.De início, a corporação pretende vender os produtos diretamente aos consumidores ou a restaurantes que desejem trabalhar com opções de alimentos sem origem animal. A intenção da empresa é recriar as fibras musculares da carne animal, por meio de alimentos de origem vegetal, de forma que se assemelhem ao gosto e à textura da carne comum, além de promover vitaminas que atualmente, precisam ser buscadas em multivitamínicos.
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