O evento de apresentação de um novo iPhone é também uma oportunidade para Apple anunciar actualizações ao seu sistema operativo móvel. Este ano não foi excepção e já todos ficámos a conhecer as principais novidades do iOS 6. Existe contudo uma novidade que não está a recolher simpatias por parte dos utilizadores do iPhone.
O novo mapas do iOS6 está a ter uma recepção pouco amigável
Convém começar por explicar a raiz do problema com um pouco de contextualização histórica. Há alguns anos quando o iPhone viu a sua primeira versão, a Google e a Apple tinham boas relações comerciais. Era também uma altura em que duas empresas que ao mesmo tempo estavam em franco crescimento tecnológico e expansão, face a uma Microsoft sem ideias.
A prova das boas relações foi o facto da Apple incluir no iOS duas aplicações que faziam interface com os serviços YouTube e Mapas da Google. Estávamos num período temporal em que o actual Chairman da Google Eric Schmidt, ocupava o cargo de CEO da Google e fazia aliás parte do conselho de administração da Apple.
Depois, bem… veio o Android e com isto o primeiro sistema operativo móvel com qualidade suficiente para ameaçar o domínio do mercado móvel que a Apple tinha conseguido conquistar com o iPhone. Na altura a notícia não foi bem recebida por Steve Jobs, o que terá levado a que Eric Schmidt abandonasse a direcção de administração da Apple começando aqui a divórcio entre as duas empresas.
Como é óbvio a partir do momento que a Apple viu quota do seu mercado a diminuir à medida que o Android subia as relações entre as empresas azedaram. Steve Jobs chegou mesmo a afirmar na sua Biografia que o Android era um produto “roubado” e que estava disposto a gastar todo o dinheiro que a Apple tinha para o destruir.
E assim chegamos aos tempos mais modernos onde a prioridade da Apple é reduzir a sua dependência da Google. O primeiro serviço da Google a ser descartado foi a integração do YouTube na versão 5 do iOS. Contudo logo a seguir a Google lançou uma aplicação dedicada para o YouTube e os utilizadores do iPhone não ficaram a perder. Há quem diga que com a nova aplicação os utilizadores deste serviço da Google ficaram mesmo a ganhar devido à introdução de novas funcionalidades. No iOS 6, a Apple descartou o serviço de Mapas da Google, mas optou por outra abordagem.
A aplicação Mapas agora disponível com o mesmo nome utiliza uma solução da Apple que se baseia em mapas cartográficos de outras fontes como a TomTom e o OpenStreetMap. Esta nova actualização introduz novidades positivas. Em primeiro lugar permite visualizar em certas zonas do globo cidades, monumentos, pontes ou edifícios numa perspectiva 3D. Outra das novidades foi a inclusão da navegação assistida com direcções por GPS.
Contudo a mudança trouxe vários problemas e várias criticas dos utilizadores. Por exemplo o sistema de navegação GPS incluído no mapas do iOS 6 é medíocre e comete erros graves nas direcções que sugere ao utilizador. O problema não é no software em si que assegura as direcções por GPS, mas sim originado pelos mapas cartográficos que contém informações incorrectas sobre algumas avenidas ou mesmo cidades inteiras. Alguns dos erros mais grosseiros, parecem ter sido encontrados em Inglaterra. O Huffingpost compilou uma lista de 10 exemplos aqui. Deixamos apenas o exemplo da Saint Katherin Dock, que segundo o Mapas da Apple é inexistente.
Mas existe mais problemas graves. Com a remoção da versão do Mapas da Google, os utilizadores do iOS perderam a funcionalidade de Street View que muitos dependiam e que agora não têm um substituto directo na nova versão do Mapas. Além disso um dos pontos fortes da Google nos Mapas é o acesso a milhões de pontos de interesse (POI) espalhados por todo o mundo. A Apple substitui este serviço pela possibilidade de os utilizadores poderem fazer uma pesquisa no serviço Yelp, contudo a oferta de POI’s é bastante inferior.
Finalmente uma das funcionalidades mais “bonitas” do mapas a vista em perspectiva 3D também possui várias imperfeições. O exemplo apresentado de seguida é referente à famosa ponte de Brooklyn nos estados unidos que de ponte digamos que tem muito pouco.
Resumindo, esta nova versão do mapas foi desenvolvida “à pressa” pela Apple sem passar por testes suficientes para assegurar a sua qualidade final antes de ser incluída no iOS6. Teria sido mais acertado se a empresa de Cupertino, tivesse incluído uma designação de beta à nova aplicação de Mapas, (à semelhança que fez com o Siri) e oferecesse um método de restaurar a versão antiga para quem não quisesse utilizar esta versão. Esta decisão iria permitir suavizar a transição para a nova solução de mapas e ao mesmo tempo recolher feedback mais útil sobre a nova aplicação.
Mas o mais grave é que o mapas da Apple introduz regressões graves de funcionalidade em relação ao que o utilizador estava habituado na versão dos mapas da Google. Isto como é óbvio apanhou desprevenido todos os utilizadores de iPhone que actualizaram de forma imediata para a nova versão (early adopters) e não sabiam desta nova mudança do serviço.
A nossa recomendação é caso tenha uma versão anterior ao iPhone 5, elegível para upgrade, no caso de viajar muito e planear as suas visitas com os Mapas da Google, pense duas vezes antes de actualizar para o iOS 6. Faça um compasso de espera, pode ser que a Google lance brevemente uma aplicação separada do Mapas para iOS, tal como fez com o YouTube. De qualquer forma a pressa não é boa conselheira.
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