O mundo laboral pós-pandemia será mais tecnológico, mais flexível e polivalente, revela o estudo da Deloitte “Humanizar o Futuro do Trabalho”.
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O local de trabalho será fundamental nas atividades operacionais, mas em muitas áreas e funções, o trabalho remoto veio para ficar.
A pandemia trouxe enormes desafios de gestão ao mundo empresarial e obrigou a uma reorganização das equipas e do trabalho num curtíssimo espaço de tempo.
Um ano depois da primeira vaga, o estudo da Deloitte conclui que “a pandemia conduziu não só a uma aceleração, mas também a uma mutação do futuro do trabalho”.
Ao contrário do que poderíamos pensar, as consequências das alterações trazidas na resposta do mundo do trabalho à pandemia, não se limitam à vertente de trabalho remoto.
O responsável pelo estudo, Diogo Santos, partner da Deloitte, explica que “a pandemia conduziu não só a uma aceleração, mas também a uma mutação do futuro do trabalho. Queremos com este estudo que sirva de apoio aos líderes organizacionais para identificarem e planearem ações concretas que lhes permitam gerir melhor as suas pessoas e obter maior valor daquele que é o seu ativo mais precioso”.
“O presente estudo tem um foco na realidade particular de Portugal e tem origem nas implicações da pandemia, as quais extravasam largamente a vertente de trabalho remoto. Em concreto, identificamos para um conjunto de 4 arquétipos de funções (“operações”, “atendimento presencial a cliente”, “em movimento”, e “no escritório”), os desafios com que as empresas nacionais se depararam e sistematizamos como os resolveram ou planeiam resolver. Adicionalmente, antecipamos os desafios para o futuro que, pela sua natureza ou complexidade, não foram ainda endereçados”, conclui.
Eixos da resposta à crise
Apanhadas de surpresa pela pandemia, as empresas portuguesas revelaram de uma forma geral, agilidade na resposta à necessidade de manter as operações e salvaguardar a saúde dos colaboradores de acordo com as normas de higiene e segurança no trabalho definidas pela Direção Geral de Saúde (DGS).
As ações de resposta à crise centram-se então em medidas transversais como: criação de gabinetes de resposta à Covid-19; ativação de iniciativas de comunicação corporativa para transmitir orientações globais; reforço da comunicação; monitorização do estado de saúde (testes à Covid-19, medição da temperatura à entrada das instalações, acompanhamento e aconselhamento de casos em vigilância e monitorização comportamentos de risco), entre outras medidas de controlo e mitigação.
Atividades operacionais
Nas operações estão abrangidos todos os que desempenham as suas funções no local de trabalho, onde têm disponíveis os veículos, ferramentas e equipamentos para a execução das suas tarefas diárias, não sendo possível a transição para trabalho remoto. Inclui funções em fábricas, armazéns, construtoras, laboratórios, entre outras, e representam 20 a 40% da força de trabalho em Portugal.
As empresas viram-se obrigadas a rever as normas e procedimentos de segurança ao nível dos colaboradores, postos de trabalho e equipamentos de proteção individual (EPIs), para assegurar a continuidade das operações e do negócio, evitando a transmissão do vírus nos locais de trabalho.
O “arquétipo atendimento presencial a cliente” que implica contacto direto com pessoas e local de trabalho fixo (funções em lojas, supermercados, cuidados de saúde, cafés, entre outras) engloba 20% a 30% da população ativa.
Nestas atividades, além da revisão dos procedimentos de higiene e segurança no trabalho, a adaptação dos postos de trabalho, o desfasamento de horários, com a redução de procura, consequência do confinamento imposto pelas entidades competentes, as empresas viram-se obrigadas a adaptar os seus quadros de pessoal de forma a reduzir custos fixos através de estratégias como: suspensão dos contratos de trabalhadores; redução de horários de trabalho e antecipação de períodos de férias não gozadas.
Trabalho em movimento
O ‘Arquétipo Em Movimento’ engloba as funções que envolvem uma constante, ou muito frequente, movimentação, como serviços de transporte, entrega, instalação/reparação/ manutenção, força de vendas, entre outros. Estas funções apresentam baixa dependência das instalações físicas da empresa mas elevada necessidade de interação com o cliente, o que se traduz num reduzido a médio potencial de transição para um modelo remoto. Este arquétipo engloba 10 a 20% da força de trabalho.
Os desafios das organizações destas atividades passaram por coordenação a segurança dos trabalhadores, a continuidade das operações e a confiança dos clientes.
A pandemia trouxe a necessidade de serem adotadas formas de trabalhar com menor interação pessoal e contacto físico e a digitalização do trabalho. Terão de ser feitos esforços no sentido de assegurar a conectividade básica de todos os colaboradores em movimento (dados móveis, localização em tempo real, VPN, autenticação individual, etc.); promover a utilização de wearables para proporcionar a distribuição e monitorização de tarefas e a comunicação entre equipas e facilitar o tracking de entregas/prestação de serviços em tempo real por parte dos clientes.
A revolução digital no futuro do trabalho
Apesar de representarem em Portugal, apenas 30% da população ativa, os colaboradores de funções corporativas mantiveram as operações das empresas através do teletrabalho, apesar de muitos nunca terem tido este tipo experiência, nem ser prática comum nas empresas.
O trabalho remoto implicou a adaptação de processos administrativos, adoção de ferramentas de comunicação, revisão de mecanismos de gestão e supervisão e, consequentemente, desafios a nível de desconexão das equipas e quebra na cultura e identidade organizacional.
Durante a pandemia, Portugal assistiu a uma aceleração da digitalização de processos, à atribuição de equipamentos de comunicação e conectividade, e a novas rotinas de acompanhamento e de envolvimento das equipas com a organização.
As empresas analisadas ambicionam endereçar, num futuro próximo, desafios relacionados com a necessidade de novas configurações do workplace – escritório e home office e oportunidades geradas, nomeadamente a crescente digitalização de processos como a formação.
A pandemia veio acelerar um futuro do trabalho que a maioria das organizações já conhecia e incorporava na sua operação, criando oportunidades inesperadas, nomeadamente na transição para um modelo híbrido entre o trabalho físico e o remoto, assim como totalmente remoto, particularmente para os trabalhadores de escritório.
Modelos de trabalho híbridos
Com 82% das empresas a afirmar que pretendem permitir que os colaboradores trabalhem parcialmente em home office e 47% a permitir um modelo remoto a full-time após a pandemia, prevê-se que os escritórios passem a ter uma funcionalidade diferente no futuro.
Os espaços de trabalho irão passar a estar divididos entre espaços colaborativos, salas de reunião, espaços de criatividade, espaços de trabalho abertos e hubs tecnológicos.
A maioria das empresas analisadas no presente estudo, “Humanizar o Futuro do Trabalho”,está consciente das oportunidades e desafios gerados pela pandemia no campo da digitalização de processos e também da criação de novos processos e soluções associados aos modelos de trabalho híbridos com a criação de aplicações mobile para a gestão de ocupação e presenças em trabalho remoto.
O futuro do trabalho passará, também, por uma revisão dos modelos de gestão de talento. As empresas analisadas no estudo afirmam a necessidade de rever os modelos de gestão de capital humano, embora considerem que deve aguardar-se por um momento de estabilização dos processos críticos de negócio. Será necessário: rever a Employer Brand Proposition; rever os modelos e formatos de gestão de desempenho; repensar os modelos de carreiras numa lógica multi-funcional e de maior flexibilidade; e rever abordagem aos modelos de contratação e a mecanismos de partilha de pools de talento dentro da organização.
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