Quando se pensa em usos para a realidade virtual, normalmente se pensa em games. Essa é a aplicação mais convencional e que ajudou a tecnologia a ser desenvolvida, com os grandes fabricantes investindo muito dinheiro. Assim, observa-se uma variedade gigantesca de games e possibilidades – vide o que aconteceu na Game XP nesses últimos dias, no Rio de Janeiro.
A Realidade Virtual foi a tecnologia com maior presença nos estandes das marcas que decidiram participar de um dos maiores eventos de games da América Latina. Agora, com esse empurrão dado pela indústria de entretenimento, podemos ver outros setores de serviços usando o VR para aplicações super criativas.
Recentemente, uma empresa gigantesca do varejo mundial, Walmart, passou também a investir na tecnologia, na expectativa que revolucione os treinamentos e preparação de funcionários. Em aproximadamente 4 mil pontos de venda em todo Estados Unidos, os contratados passarão por treinamentos e entrevistas com o uso de óculos imersivos. A intenção é fazer também seleção para novos contratos e promoções de cargos internamente – com o país de dimensões gigantescas e muitas lojas espalhadas pelo território, fica difícil o departamento de Recursos Humanos acompanhar os processos e manter a qualidade de seleção e treinamento – e essa foi a solução encontrada pela empresa. Eles até recriaram uma loja onde situações são simuladas e os funcionários, a partir daí, começam a tomar decisões que podem mudar o curso da história. Tudo fica gravado para uma análise posterior dos gestores e do departamento de RH.
De acordo com a gerência de Relações Humanas da Walmart – que efetivamente possui impacto importante dentro das questões empregatícias nos EUA – o uso da Realidade Virtual é somente um dos novos pontos no atual processo seletivo da empresa. “Não se trata de uma aplicação tecnológica desqualificadora em modo algum, e jamais é utilizada para demitir um funcionário, mas sim para casos de contratação, treinamento e promoção”. Mesmo com lojas no Brasil, a Walmart ainda não mostrou a intenção de trazer essa tecnologia para as lojas de cá.
O que também tem acontecido é algumas empresas de tecnologia migrando seus esforços de inovação para a Realidade Virtual – é o que acontece com a Betway, casa de apostas online, que além de ter toda uma área de aposta em esportes online, disponibiliza aos usuários uma plataforma de cassino totalmente virtual, com a possibilidade de jogar com óculos VR inclusive, em um ambiente imersivo.
Isso se mostra de acordo com o que o setor de games pensa. Farshid Fallah, diretor de relações com desenvolvedores, jogos e entretenimento da Samsung Electronics America foi questionado sobre qual deve ser o caminho a se seguir nos próximos anos e acabou deixando os fãs animados, garantindo que a linha de aparelhos S10 trarão novos recursos de Realidade Virtual e, principalmente, Realidade Aumentada. O executivo comentou ainda que a Samsung vai trazer “múltiplos produtos de AR e VR” nos próximos meses do ano, mas não ofereceu muitos detalhes sobre como serão esses dispositivos ou sobre datas de lançamentos.
O líder do setor de games da empresa, Fallah, ainda citou a linha Gear VR, iniciada no ano de 2015, que pode ganhar um muito esperado sucessor futuramente. “Foi um bom ponto de entrada”, comentou o executivo, “mas as coisas foram para frente e mudaram muito desde então”. Além de desenvolver as soluções para smartphones, a Samsung tem grandes projetos com realidade virtual a partir da plataforma Windows Mixed Reality.
Outra empresa enorme que recentemente adotou a tecnologia é a Volkswagen, do setor automobilístico – desta vez, com experiências extremamente personalizada para os seus clientes. Os especialistas em tecnologia criaram uma concessionária, nos moldes das que podemos visitar no mundo real, para Realidade Virtual. Os possíveis futuros clientes, com auxílio dos óculos, poderão não só entrar nos carros e comparar modelos, como escolher acabamentos de interior e até, dirigir, virtualmente, carros com potências diferentes. A novidade é que desta vez, será possível passar por essa experiência aqui no Brasil, já que um dos times globais que lideram esse projeto é daqui.
“Estamos reinventando uma operação que era a mesma há 60 anos. Agora, o carro passou para dentro da tela touch ou para o tablet, que vai até a casa do cliente”, afirmou Fábio Rabelo, gerente executivo de Digitalização e Novos Modelos de Negócios da Volkswagen América do Sul.
Para a empresa, também é uma boa. Precisa-se de menos espaço para esse tipo de estrutura, menos vendedores e menos carros. Os custos diminuem bastante. Essa também é uma tentativa de modernização, em um momento de salto tecnológico na indústria.
A parceria acontece com a IBM e 84 concessionárias virtuais estão sendo criadas. Hoje a montadora possui mais de 500 pontos de venda no Brasil.
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