O filme Vermelho Russo é uma co-produção infeliz entre Brasil, Portugal e Rússia, que passou despercebido nos cinemas brasileiros e que tinha apenas uma pessoa na sessão em que fui: o próprio crítico que vos fala.
A trama – trama?? – mostra duas amigas brasileiras que decidem fazer um curso de teatro na Rússia, pra aprimorar seus estudos em relação ao célebre método de criação de personagem, instituído por Constantin Stanislavski.
Inspirado na própria experiência das duas atrizes principais, que de fato viajaram pra Rússia em 2009 pra aprimorarem seus talentos cênicos, o filme revela-se uma armadilha do próprio egocentrismo.
Ora as personagens estão ensaiando cenas infindáveis e bocejantes de obras-primas de Tchekhov – “As Três Irmãs”, “A Gaivota” e “Tio Vânia”, ora elas estão no quarto do apartamento onde estão hospedadas, divagando sobre suas percepções dos ensaios, num bate-boca pseudointeligente, absolutamente enervante.
As atrizes – atrizes?? – Maria Manoella e Martha Nowill demonstram que nada aprenderam com o método de Stanislavki. Suas performances não alcançam o esperado. Não se vê crescimento interpretativo durante os ensaios das personagens e tão pouco das atrizes ao longo do filme. Completamente inócuas e esquecíveis. Russo de vê-las.
E para completar o trio de amadorismo, temos a direção sofrível de Charly Braun, que não sabe o que fazer com a câmera, sempre mal posicionada, em locações de iluminação péssima, som precário e angulações que denotam a falta de planejamento.
Baixo orçamento é absolutamente aceitável, mas falta de bom gosto, imperdoável. É notoriamente visível que o filme transita entre as linguagens teatral, experimental e documental, sem amarras e nem coerências. Consequências de um roteiro que não diz a que veio, conduzido por uma direção desastrosa e atuações opacas.
A nota do filme vale apenas pela presença da magnífica Praça Vermelha. Algo que poderá ser melhor apreciado, em qualquer anúncio de agência de turismo.
Vermelho Russo (“Vermelho Russo / Brasil, Portugal, Rússia / 2016)
Nota: 0,5
Direção: Charly Braun
Elenco: Maria Manoella, Mathra Nowill, Michel Melamed, Fernando Alves Pinto
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