A CIONET, a maior comunidade de executivos de TI na Europa, com mais de 4.000 CIOs, divulgou as principais conclusões do estudo “European key IT and Management Issues & Trends for 2014”.
De acordo com o estudo em questão, as preocupações de gestão variam de forma díspar nos vários países europeus. A principal preocupação a nível continental tem que ver com o Alinhamento de TI com o Negócio, seguido da Agilidade do mesmo, da Redução do Custo do Negócio, do maior Controlo e Redução dos Custos de TI e do aumento de Produtividade do Negócio. Podem ser encontradas três destas cinco preocupações nas conclusões tiradas para Portugal. Os gestores de TI do nosso país definiram como hierarquia de preocupações o Alinhamento de TI com o Negócio (1), o Controlo e Redução dos Custos de TI (2) e a Agilidade do Negócio (3), mas referem as preocupações com a Arquitectura da Empresa (4) e a Eficiência dos Processos e das TI (5) como as restantes duas preocupações no Top 5 em detrimento das duas escolhas europeias não presentes neste ranking.
Em 2013, as principais aplicações e investimentos de tecnologia na Europa tiveram que ver com a Analítica/Business Intelligence (1), com o Cloud Computing (2) e com o Customer Relationship Management – CRM (3). Estes investimentos assumem a mesma tendência de 2012, muito embora o CRM tenha ocupado um lugar que há dois anos pertenceu ao Desenvolvimento de Aplicações. Portugal partilha as duas primeiras tendências de aplicação tecnológica com a Europa, mas o CRM não vai além de uma longínqua 15.ª posição, e o terceiro lugar do ranking é ocupado por Aplicações Mobile / Wireless.
Uma das novas áreas do estudo da CIONET aborda as questões que “tiram o sono” aos CIOs. Neste campo, as três principais preocupações dos CIOs europeus estão totalmente alinhadas com a média global – e são ligeiramente diferentes das dos CIOs nos E.U.A. O Alinhamento das TI com o Negócio, as preocupações referentes à Segurança e o Papel de Liderança que se espera de um CIO são considerações que nunca estão longe da mente destes profissionais. De resto, e tanto a nível global como europeu, a Falta de Colaboradores com Conhecimentos Técnicos adequados e a Agilidade do Negócio são as duas restantes preocupações que preenchem o Top 5.
Se for comparado o orçamento de TI de 2013 com o do ano anterior, fica a ideia de que também aqui há indicadores de que a recessão económica está a acabar, os CIOs Europeus declararam um aumento do orçamento para TI (31% das empresas europeias face a 28% em 2012). No entanto, mais de 38% das empresas Europeias vão ver o seu orçamento reduzido e 34% vão manter o mesmo orçamento em 2014. Pelo terceiro ano consecutivo, as previsões orçamentais para TI são mais favoráveis a empresas dos E.U.A. quando comparadas com as das suas concorrentes europeias. De resto, existem significativos aumentos de orçamentos de TI nas regiões da Ásia/Austrália (51%) e na América Latina (65%).
Em Portugal, 36% das companhias viram o seu orçamento de TI aumentado em 2013, versus 45% de empresas que verificaram a tendência inversa. 9,1% das empresas que viram o orçamento de TI reduzido lidaram com quebras de 10% ou mais. No entanto, para 2014, os CIOs do nosso país podem estar mais otimistas. 55% das empresas espera ver o orçamento de TI aumentado, uma tendência que contrasta com a diminuição dos orçamentos de países como a França e a Finlândia. Das empresas em Portugal que vão ter mais dinheiro para TI em 2014, 36,4% acusam um ligeiro aumento orçamental de 2%, sendo que 9,1% das restantes vão ver ter um orçamento mais generoso, com aumentos de 8% ou superior.
O Estudo define ainda algumas mega tendências para os próximos anos:
1 – O poder centralizado vai desaparecer: Devido à crise económica e à introdução de novas tecnologias como cloud e mobility, os profissionais optam cada vez mais por trabalhar por conta própria, oferecendo os seus serviços a várias empresas e criando a sua própria companhia. As perspetivas e “transparência” potenciadas por tecnologias como Business Analytics, Mobile, Cloud e Social Media são enormes. O conhecimento é cada vez mais importante e as hierarquias empresariais tendem a perder relevância.
2 – O número e qualidade de ligações cresce em importância: a lei de Metcalfe de que “o valor de uma rede é determinado pelo número de participantes” é mais real que nunca. Com a transparência da Cloud e de Social Media, e com o mais fácil acesso ao conhecimento, o número e qualidade de ligações pessoais e profissionais continua a ganhar importância. Como exemplo, o Social media na Cloud tem sido uma garantia essencial para a gestão destas ligações. Projetos como o LinkedIn, Twitter ou Facebook são usados sem interrupção.
3 – É necessário saber alavancar o Big Data e o Business Analytics: conseguir recolher enormes quantidades de dados é apenas o início. Não deve ser um entrave que impede as organizações e os profissionais de se focarem no que é realmente importante para a empresa. Muitas vezes, “less is more”: é determinante que as empresas se foquem no que é essencial, pelo que a eficácia de ferramentas de analítica é determinante para selecionar a informação mais relevante.
4 – A vida está na Cloud: a tendência é conhecida: cada vez mais se trabalho online, se compra e vende online, se comunica online e se consome conhecimento online. Estas atividades são possibilitadas por computação baseada na Cloud. Tudo o que pode ser digitalizado sê-lo-á e será disponibilizado na Cloud, pelo que as empresas apostam cada vez mais nesta tecnologia como garantia de sucesso. De resto, uma das principais preocupações com a Cloud tem que ver com q segurança e o cibercrime, mas o estudo indica que os providers de serviços Cloud tendem a oferecer um ambiente mais protegido que os providers não-Cloud.
5 – A previsibilidade está a diminuir em detrimento do impacte no negócio: prever que empresas ou tecnologias vão vingar é um exercício cada vez mais complexo, já que a concorrência tende a aparecer das mais diferentes áreas de atividade, e personificada muitas vezes em pequenas empresas ágeis e facilmente adaptáveis ao ambiente em que operam. As empresas precisam de integrar novas tecnologias e compreender que o impacte destas no negócio. Muitas vezes, é fácil perceber que determinada tecnologia vai vingar, mas complexo compreender de que forma ela vai ser aplicada.
Rui Serapicos, Managing Partner da CIONET Portugal, explica que «este estudo apresenta conclusões muito interessantes de alinhamento de preocupações das empresas nacionais com as tendências europeias. O estudo mostra também que Portugal e Espanha são dos países que menos investem em TI, proporcionalmente às receitas. Há uma correlação direta entre os países mais avançados tecnologicamente e a percentagem de receitas investida em tecnologia. Por outro lado, vemos as alterações ao papel do CIO refletidas nas contratações. O número de CIOs contratados vindos de funções ou departamentos não tecnológicos tem vindo a aumentar consistentemente desde 2010”.
O documento da CIONET baseia-se em 35 anos de estudos da Society for Information Management (SIM) (E.U.A.), em 19 anos de estudos de tendências de TI do Business & IT Institute (EU) e numa análise de quatro anos de preocupações globais de gestão de TI e de tendências de TI. O estudo baseia-se em cinco áreas geográficas: E.U.A., Europa, Ásia, Austrália e América Latina.
Para ter acesso ao estudo, vá a http://blog.cionet.com/wp-content/uploads/2014/02/ITTrends_2014print.pdf
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