O dia amanhecera ensolarado para a alegria da Menina vinda dos trópicos. Era como se os raios do Astro-Rei recarregasse a sua bateria, preparando-a para as mudanças vindas na nova estação. Logo floresceria mais uma primavera. E enquanto se preparava para tomar um reforçado café da manhã, aproveitava para escrever mais uma singela carta para ao seu adorado menino-colibri que vive voos distantes dos seus. Sem papel nem caneta, é bem verdade. Mas ainda assim, tão verdadeira (ou mais) que se imortalizada em escritos à moda antiga.
– “Uma meia de leite bem quente e um croissant aquecido, com pouca manteiga. Para levar, Manel, que quero aproveitar o dia magnífico que temos lá fora!”, sugeriu a menina, embora desnecessariamente, já que no sítio do costume sabia-se muito bem o que era do seu agrado.
O verde gramado diante de si pareceu-lhe confortável perfeito para desfrutar da sua primeira refeição diária e, ainda, apreciar mais o lindo dia de sol que dourava a sua cidade. Instantaneamente, pensa em como seria perfeito partilhar momentos como este com aquele a quem escolhera para voos avulsos. Mas logo cai em si e acorda para a necessidade de conter esse desejo. É que a distância entre as suas asas e a do seu eleito… ainda era tanta!
Eis que termina a sua refeição quase que simultaneamente ao fim da sua pequena crônica matinal. Olha para o relógio e, como o Coelho Branco da Alice, pega nas suas coisas e segue saltitante e serelepe. Tinha pressa. Sempre tinha pressa. E que para ela, a vida era urgente demais!
[…]
É mais um dia que começa. Mas o que ela gosta mesmo de pensar é que será este um dia a menos até que seus abraços encontre os dele e que os seus beijos possam finalmente pousar naquela boca. Ela sorri. Como boba, ela sorri o seu mais radiante sorriso. Sente-se como uma adolescente apaixonada diante do seu primeiro amor. E, de certo modo, o era. De um modo muito peculiar, o acaso a teria posto sob as asas de um “menino de asas”. Era a primeira vez em toda a sua vida que o seu coração desejara prender-se a um ser tão livre. E sempre que se deparava com esta contradição… sorria mais uma vez.
Tinha a certeza: estava perdida de amor por ele. Mira mais uma vez o seu relógio e segue apressada para mais um dia. Ela voa. Ainda não rumo ao ninho do seu eleito. Mas apenas “AINDA”. Logo o advérbio seria outro: “já!”, que é como quem diz “pra ontem”.
CAssis, a Menina Digital
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