Os visitantes dos museus europeus poderão, em breve, ser capazes de definir a sua própria experiência cultural antes mesmo de sair de casa ou de entrar num avião. Graças a uma inovação que combina tecnologia de realidade aumentada e geo-localização, uma visita aos museus é transformada numa experiência única e interactiva.
Um consórcio de organizações académicas, industriais e culturais de toda a Europa tem utilizado o investimento da UE para criar e desenvolver uma tecnologia mobile que permitirá aos visitantes melhorar a sua experiência cultural através da participação num itinerário pessoal, feito à sua medida, e numa experiência interactiva criada pelos sítios em linha dos museus. A aplicação CHESS, que estará disponível para download em smartphones e tablets, tem como objectivo dar vida ao passado, na ponta dos dedos dos utilizadores, tornando a história e a cultura cativantes e disponível a todos.
“A visita guiada é uma experiência linear, onde o visitante permanece como um agente passivo. Com a CHESS, a visita ao museu é comparada a uma experiência de vídeojogo, tornando os visitantes em elementos activos e comprometidos com o património cultural. Os visitantes recebem a informação, mas ao mesmo tempo são desafiados e estão entretidos e envolvidos. Isto é vital para manter o interesse dos visitantes, em particular da geração mais jovem que está imersa nos jogos nas suas consolas, smartphones e tablets.” afirma Olivier Balet da DIGINEXT, a empresa francesa coordenadora do projecto.
Como funciona
O projecto ‘Cultural-Heritage Experiences through Socio-personal interactions and Storytelling’ (CHESS) é apoiado por mais de 2.8 milhões de euros em financiamento da Comissão Europeia e tem como objectivo tornar a experiência nos museus mais interactiva e atraente para todos.
Para atingir este resultado, o projecto construiu várias ferramentas inovadoras focadas nos visitantes e desenvolveu sítios em linha sobre o património cultural para criar e publicar experiências desenhadas especificamente para o seu público. Através do inquérito em linha “CHESS visitor survey’” as pessoas podem registar os seus interesses e gostos, bem como aquilo que não apreciam. Esta ferramenta permite aos museus criar questionários de escolha simples ou múltipla e relacionar as respostas com uma personagem que represente o perfil do visitante. Por sua vez, a ‘CHESS authoring tool’ permite depois que os profissionais, que não são da área das TI, como curadores ou colaboradores do museu, possam desenvolver facilmente narrativas dinâmicas de múltiplos caminhos, integradas com conteúdos avançados de multimédia. Por fim, o ‘Storytelling engine’ desenvolve a história de acordo com o caminho definido mas também personaliza e adapta, de forma dinâmica, a história que está a ser contada ao visitante, de acordo com as suas escolhas individuais, actualizando o seu perfil ao longo do percurso.
Ao contrário dos tradicionais guias de museus, a App Chess conta a cada visitante uma história única, focada nas peças e exposições mais relevantes de acordo com os seus interesses e estado de espírito. As histórias podem ser enriquecidas com multimédia, 3D e jogos de realidade aumentada e, em alguns casos, objectos que falam e convidam os visitantes a interagir com eles.
Ao sair do museu, os visitantes vão encontrar lembranças, ou seja, um vídeo ou uma imagem, a partir da sua própria história no sítio em linha do museu, tendo assim uma memória pessoal para compartilhar com a família e amigos. O projecto, de acordo com Maria Roussou, da Universidade de Atenas, tem o potencial de revolucionar a forma como nos comportamos e envolvemos ao visitar museus.
A CHESS tem como objectivo enriquecer e personalizar a experiência de cada visitante tendo em conta os gostos, hobbies e interesses de cada um. Ao dirigir o visitante para os artefactos com maior interesse para si e ao oferecer conteúdos interactivos, como quizzes e jogos, podemos melhorar muito a experiência do utilizador. Isto traz benefícios não só para os utilizadores, mas também para os museus, que querem que os seus visitantes tenham a melhor experiência possível e o tornem a visitar” acrescenta Yannis Ioannidis da Universidade de Atenas.
Desenvolvimento e Comercialização do Produto
O produto CHESS foi testado com grande sucesso no Museu da Acrópole, em Atenas, na Grécia e na Cité de l’ Espace Park, em Toulouse, França, ao longo de seis meses, no ano passado.
Desenvolvido por sete parceiros de quatro países – França, Grécia, Reino Unido e Alemanha – o CHESS será introduzido no mercado pelo coordenador do projecto Diginext, estando previsto o seu lançamento nos próximos dois anos.
De acordo com Olivier Balet, da Diginext, “sem os fundos da UE esta iniciativa não teria sido possível. É realmente necessária a combinação de experiência de classe mundial em vários domínios, que geralmente não está disponível apenas a nível nacional. Com 55 mil museus em todo o mundo, as oportunidades de crescimento são globais.”
Segundo Michael Jennings, porta-voz da Comissária europeia da ciência, investigação e inovação, Máire Geoghegan- Quinn ” Europa tem uma história rica a que uma tecnologia, como o CHESS, pode dar vida para, destinando-se a uma geração digital de forma a torná-la mais acessível a todos. Construir sociedades mais inclusivas e reflexivas é uma prioridade do programa Horizon 2020 e isso inclui a inovação para comunicar o património cultural europeu.”
Para saber como funciona a tecnologia CHESS assista ao vídeo abaixo:
Sobre o projecto CHESS
O CHESS (Cultural Heritage Experiences through Socio-personal interactions and Storytelling) é um projecto, co-financiado pela Comissão Europeia, ao abrigo do Sétimo Programa Quadro. O objectivo principal de CHESS é investigar, implementar e avaliar a experiência de histórias interactivas personalizadas para os visitantes de sítios em linha culturais e possibilitar a sua autoria por parte dos especialistas em conteúdos culturais. O CHESS é o resultado da colaboração entre Diginext (FR), o National Kapodistrian Universidade de Atenas (EL), a Universidade de Nottingham (Reino Unido), o Instituto Fraunhofer (DE), Real Fusio (FR), o Museu da Acrópole (EL) e a Cité de L’espace (FR).
http://www.chessexperience.eu/
Sobre o financiamento europeu nas áreas de Desenvolvimento e Inovação
No dia 1 de Janeiro, a União Europeia lançou um novo Programa-Quadro de Financiamento na área de Desenvolvimento e Inovação denominado Horizonte 2020. Ao longo dos próximos sete anos quase 80 mil milhões de euros serão investidos em projectos de pesquisa e inovação para apoiar a competitividade da economia europeia e estender as fronteiras do conhecimento humano. O orçamento de investigação da UE concentra-se principalmente na melhoria da vida quotidiana em áreas como a saúde, o ambiente, os transportes, alimentos e energia.
As parcerias de investigação com as indústrias farmacêuticas, aeroespaciais, automóveis e eletrônicos incentivam também o investimento do sector privado no apoio ao crescimento futuro e na criação de emprego especializado. Horizonte 2020 terá um foco ainda maior em transformar excelentes ideias em produtos e serviços comercializáveis.
Para as últimas informações sobre a investigação e a inovação europeias, aceda a:
http://ec.europa.eu/programmes/horizon2020/
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