Os dias de chuva pareciam infindáveis por aquelas paragens. Nunca vira um inverno tão perverso quanto o que há demasiado tempo castigava os dias da Menina vinda dos trópicos. Lamúrias. Melancolia. Dias longos, solitários e tristes. Jamais desejara com tanto afinco uma mudança urgente de estação. Era do verão que ela sentia saudades. Era de dias mais longos e quentes que andava faminta. Era com os banhos de mar e o sol a dourar a sua pele morena que sonhava acordada. E enquanto esperava por mais alegria nos seus dias, escrevia cartas imaginárias.
“Adorado Astro-Rei,
É com o peito repleto de saudades que venho escrever-te estas mal traçadas linhas. Sei que não fiz por onde merecer teus luminosos raios no versão passado e que perdi lindos dias ensolarados trancafiada em casa, sob a desculpa de que me sentia fragilizada demais para enfrentar a luz do dia [e os demais humanos]. Mas como nunca fui de chorar pelo leite derramado, prefiro reverenciar a tua aparição, mesmo que com alguma timidez, a brincar de esconde-esconde por detrás das densas nuvens que prenunciam que logo mais teremos chuva outra vez.
Andamos todos ansiosos pela tua chegada em definitivo, pois o inverno rigoroso já afeta claramente o humor de toda a gente e de uma maneira tão negativa que… eu nem te digo nada!
Seja como for, prometo que daqui por diante aproveitarei cada bocadinho que ofereceres de ti e que sorrirei o meu melhor sorriso sempre que vieres para uma visita… MESMO QUE BREVE! Mas não te demores muito a voltar, por favor, que a falta que fazes é sentida dia sim, outro também. E que logo possas estar conosco vezes sem conta e que venhas para iluminar não só os nossos dias, mas também [e principalmente!] os nossos sorrisos.
Beijo enorme da Menina que tanto te adora e que com uma pitada de saudosismo aqui se despede!”
Apreciava o sol.
Aquecia-se.
Preparava-se.
Voava antes mesmo do bater de asas.
CAssis, a Menina Digital
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