Uma tecnologia capaz de aprimorar a visão dos cirurgiões foi utilizada, pela primeira vez, durante operação de remoção de um gânglio linfático (ou linfonodo) de uma paciente.
A Dra. Julie Margenthaler, que experimentou os óculos especiais na última segunda-feira (10), diz que sua impressão foi a de estar em um filme de ficção científica. Com a ajuda do aparelho, ela foi capaz de visualizar o nódulo linfático — pequeno órgão que atua na defesa do organismo e na produção de anticorpos — da paciente Karen Clodfelter, 67, brilhando em azul fluorescente. Uma câmera de vídeo capturou imagens do campo de visão da doutora e as projetou na tela (no ecrã) do interior dos óculos e no monitor de um computador localizado na sala de cirurgia.
Desenvolvida na Universidade de Washington, a tecnologia pode, no futuro, ser usada na visualização de células de câncer (cancro) durante o processo de remoção dos tumores, fazendo com que este seja mais seguro e preciso. Por enquanto, a técnica está sendo testada em um grupo de pacientes de câncer de mama e melanoma (um dos tipos de câncer de pele), cujos linfonodos são analisados a fim de que se verifique a possível expansão do tumor.
A ideia por trás do desenvolvimento da nova tecnologia é a de que se possam identificar as margens dos tumores enquanto estes são retirados cirurgicamente. O professor de radiologia e engenharia biomédica Samuel Achilefu ressalta que é possível detectar tecidos “com alta sensibilidade” a partir do emprego dos óculos, e que eles fornecem informações “processadas em tempo real quanto à localização e formato do tumor, e quanto ao tecido que o cerca”, de forma que as decisões médicas possam ser tomadas de imediato.
“Todos estamos interessados em descobrir uma maneira de aperfeiçoar nossa técnica cirúrgica e, por fim, encontrar células cancerosas mais cedo”, afirmou Margenthaler após o procedimento, realizado no Barnes-Jewish Hospital, Missouri.
Atualmente, os médicos usam imagens de raios-X e/ou ressonância magnética para planejar a remoção dos tumores antes da intervenção cirúrgica. Porém, como essas imagens não captam grupos menores de células cancerosas, é preciso que mais tecido circundante seja extraído e que os gânglios linfáticos próximos ao tumor sejam retirados e analisados. Depois de exames laboratoriais que constatem nesses tecidos a presença de mais células doentes, o paciente precisa passar por mais cirurgias.
Ryan Fields, especialista na remoção de melanomas, pretende usar os óculos no mês que vem e diz que, durante uma intervenção cirúrgica, as células suspeitas nem sempre são distinguíveis das demais. Foi exatamente por essa razão que se desenvolveu um corante que age sobre as células cancerosas, provocando um brilho específico, visto apenas com o aparelho. Em estudos com ratos, o sistema detectou tumores cujos diâmetros eram menores que 1 milímetro, segundo pesquisa publicada no Journal of Biomedical Optics.
Até o fim do ano deverá ser lançada uma versão wireless do dispositivo que, de acordo com Achilefu, poderá custar menos de 10 mil dólares. O pesquisador afirma que os protótipos do aparelho já estão sendo procurados por pesquisadores de várias partes do mundo.
As imagens utilizadas neste artigo são de propriedade de Christian Gooden.
Fontes: St. Louis Today, MedicalXpress
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