A semana passada surgiu a notícia de que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA) teria acesso a um enorme volume de dados pessoais através de aplicações para dispositivos móveis, como o jogo Angry Birds ou o Google Maps, embora na realidade estes sejam apenas dois exemplos entre muitos. A cibervigilância passa assim a deixar de se focar totalmente centrando-se agora nos smartphones, que dispõem de muita informação pessoal dos seus utilizadores e, em muitos casos, estão totalmente desprotegidos.
De acordo com Vicente Díaz, analista sénior de Malware da Kaspersky Lab, “a informação proporcionada por estas aplicações já provou ser muito valiosa para anunciantes e para os criadores das aplicações, pelo que também é fundamental para os serviços de inteligência. Muitos destes jogos permitem interagir com contactos e amigos, o que favorece a criação de redes de indivíduos, mais ou menos como as redes sociais, e todos estes dados são de grande relevância”.
A última versão do Angry Birds pedia ao utilizador permissão para aceder à sua localização, ao estado do telefone e às SMS, entre outros – tudo isto aparentemente para fins publicitários, já que a aplicação apresenta anúncios durante o decorrer do jogo. Além disso, as mensagens do jogo e dos amigos podem ser fonte de informação similar às redes sociais.
“Este cenário não seria tão preocupante se estivéssemos a falar de uma única aplicação, mas a realidade é que este é apenas um exemplo. Pensemos em todos os pedidos de permissão que todas as aplicações que descarregamos para os nossos dispositivos móveis solicitam e o que o nosso aparelho pode dizer sobre nós: localização, pessoas com quem contactamos, etc… Isto é só um exemplo de como algo aparentemente inocente se pode utilizar com fins muito distintos”, afirma o analista da Kaspersky Lab.
“Por enquanto desconhecemos os detalhes técnicos, mas entendo que o Angry Birds não dispõe de uma opção que impeça a Rovio de aceder a estes dados, que, posteriormente, monetiza de forma legítima através de publicidade”. Para o utilizador é, assim, impossível jogar Angry Birds sem que o programa envie essa informação, a menos que não esteja ligado à Internet. Mas deixar simplesmente de jogar Angry Birds também não vai evitar que os utilizadores sejam monitorizados. “Na realidade desconhecemos qual o volume de dados e o número de aplicações que podem estar a ser vigiadas pelos serviços de inteligência, mas serão provavelmente muitas, pelo que o problema da cibervigilância é maior do que imaginamos”, conclui Díaz.
Os utilizadores não querem que os serviços secretos de diferentes países do mundo acedam a informação sobre a sua vida privada, mas é impossível garantir a protecção dos dados dos utilizadores se os serviços da Internet que estes usam (redes sociais, serviços de webmail, armazenamento na nuvem) não tomarem as devidas medidas correspondentes.
Fonte: Kaspersky Lab
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