Era Menina de sorriso doce e o seu olhar dizia logo a que vinha. Ninguém jamais se enganava ao vê-la passar saltitante e serelepe pela vida: nascera marcada para ser livre, embora os seus sentidos a prendessem sempre! Olhos. Bocas. Sorrisos. Ela era fogo: fênix. Sempre fora! Era costume queimar-se na própria chama, ser brasa, abrasadora, brasil.
Com um quê de Ícaro, ela era Menina com asas e tratava sempre de manter pulsante no peito o desejo constante de “voar, voar, subir, subir”. Ela era livre, Menina-passarinha. Sempre fora! Mas também sabia que a sua liberdade tinha um preço e que, contraditoriamente, lhe abria uma vontade insana de querer aprisionar-se noutra alma, atar-se noutro ninho, costurar as suas asas nas de outro passarinho. E só então seria verdadeiramente livre!
[…]
Pobre passarinha vinda dos trópicos… nascera marcada pela liberdade, mas carregava na boca o gosto amargo dos voos impossíveis e aprendera a duras penas que, no Velho Continente, passarinho vestido de gente era ave cada vez mais rara. Tic tac: o tempo não pára e a sua liberdade é urgente!
E desta feita, urgentemente deitou-se na cama, aconchegou-se na almofada que já continha o seu cheiro [sentidos vários!] e, então, sonhou sonhos livres. E… olha: Sonhava sem sequer adormecer! Pobre menina livre.
CAssis, a Menina Digital
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