De onde estava, era possível apreciar janela a fora o cair de mais uma daquelas noites de outono com ares de inverno, tão comuns na cidade que aprendera a amar. Era exatamente de onde estava, aconchegada debaixo das suas cobertas, que observava o mau tempo lá fora [chuva e frio que não acabavam mais]. Já há muito haviam lhe ensinado a desfrutar de noites assim, mesmo que sozinha. Deu início ao seu ritual e pôs a aquecer água suficiente para uma generosa caneca de chá:
– “Frutos vermelhos será o sabor que darei à noite de hoje”, ponderou a menina.
Não tardou muito para que o perfume adocicado da sua infusão preferida invadisse o seu recanto. Agarrada àquela chávena quente, pôs-se confortável em seu ninho. Tinha as pernas protegidas do frio com aquela coberta de cores fortes que tanto adorava. Sem grande esforço, esticou o braço e alcançou o livro por si acomodado na mesinha de cabeceira ainda na noite anterior. ‘A Ilha Debaixo do Mar‘ era o destino certo dos pensamentos da menina para esta noite.
Sorria entre um gole e outro de chá. Sentia-se confortável e segura. E só então uma certeza absoluta apoderou-se daquela alma tupiniquim:
– “Sozinha? Isso é que não! Pois quem opta pela companhia de um bom livro… nunca está só!”, disse assertiva a si mesma.
Sorriu mais uma vez e foi ter com os personagens da Ilha. Partiu e não sabia quando [nem se] voltava. Foi-se, página a página, mar a dentro!
CAssis, a Menina Digital
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