Era sozinho, em mais uma daquelas frias manhãs outonais, que aquele homem cultivava velhos hábitos. Se havia algo que ainda lhe conferia algum gozo nesta vida era sentar-se naquele jardim, sempre no mesmo banco, de onde, ao longe, avistava a portentosa Torre do Clérigos, outrora fonte para a sua inspiração. Era dado a desenhar os contornos da sua adorada Invicta, o tal senhor. Lembrou-se de quando ainda havia firmeza nas mãos para tais feitos e sorriu enquanto juntava os poucos pertences que trazia consigo. Naquela manhã, havia esquecido do seu guarda-chuva.
– “Logo hoje que densas e escuras nuvens enfeitam o meu céu, num prenúncio da tempestade que está por vir”, confidenciou aos seus botões.
Enfim, levantou-se e seguiu com o seu passeio matinal. Com algum esforço, apressou o passo. As primeiras gotas de chuva o fez sorrir outra vez. E assim se foi, contando gotas de chuva e distribuindo sorrisos aos que tinham a sorte de lhe cruzar o caminho.
CAssis, a Menina Digital
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