Já lá ia quase um ano desde o primeiro convite para levar a sua prosa a outras paragens. Meses a fio de um flerte descarado entre a Menina e os “senhores da tecnologia”. E mesmo tendo a certeza do longo alcance dos seus escritos, a inquietude tão comum nas almas desassossegadas dos que ousam encantar palavras era a constante na equação nos seus dias. Era uma dúvida pequenina mas que, persistentemente, dormitava nos pensamentos da menina de alma tupiniquim. Demorou um bocado até a tomada de decisão, é verdade. E com algum receio, hesitou, é certo. Temeu não estar à altura da mais nova jornada que o destino havia posto em suas mãos. Enfim, após contas feitas e sentenças assinaladas, decidiu aceitar o desafio por pura malandragem, quase como quando ainda criança seguia o seu irmão mais velho, nas noites escuras da sua terra natal, à caça de bichos nos brejos das redondezas. Feita de fado e de frevo, ela é uma Menina que traz a prosa costurada à alma e a poesia tatuada no peito. Mas isso, eles [os tais senhores da tecnologia] já sabiam bem:
– “Queremos que a Menina traga as suas alegorias aos nossos dias. Então, não vens? Junta-te a nós!”, desafiaram-na.
Ela sorria sempre que relembrava aquelas palavras caras [impagáveis!], feliz da vida como uma criança que, finalmente, tinha nas mãos o brinquedo novo que já há muito almejava. O tilintar das gotas da chuva nos vidros da grande janela do seu quarto misturava-se às canções da Bethânia enquanto escrevia o que lhe ditava o coração. Como era dada aos sortilégios do destino, a Menina que tinha, então, o peito repleto de lisonja, não se fez de rogada e se deixou levar. Pegou nas suas tralhas coloridas, fez uns rabiscos e algumas fotografias, escreveu estas mal traçadas linhas e esperou que a sua escola de samba invadisse avenidas virtuais mundo a fora. Quis ser carnaval. E foi!
CAssis, a Menina Digital
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