Hollywood viveu momentos de grande tensão em 2023 com as greves dos sindicatos de atores e argumentistas, que procuravam proteções contra a potencial ameaça da inteligência artificial aos seus postos de trabalho. No entanto, Ben Affleck, ator e realizador consagrado, veio agora acalmar os ânimos com uma perspetiva mais otimista sobre o futuro da indústria cinematográfica.
Durante uma entrevista à CNBC, Affleck, que atualmente gere um estúdio de cinema em parceria com Matt Damon, demonstrou um conhecimento surpreendentemente profundo sobre as tecnologias de IA, chegando mesmo a explicar os fundamentos das arquiteturas transformer que sustentam estes sistemas.
A verdadeira capacidade da IA no cinema
O ator norte-americano defendeu que o cinema será uma das últimas indústrias a ser verdadeiramente afetada pela IA, caso esta chegue efetivamente a substituir todas as profissões. “A IA pode escrever um verso imitativo que soe a Shakespeare, mas não consegue criar Shakespeare”, afirmou Affleck, sublinhando a diferença entre imitação e verdadeira criatividade artística.
Esta posição surge como um contraponto interessante às preocupações manifestadas durante as greves do ano passado, onde atores e argumentistas lutaram arduamente para garantir proteções contratuais contra a utilização não autorizada da IA para replicar as suas performances ou criar guiões.
O impacto positivo da tecnologia
Numa perspetiva que poucos esperariam, Affleck sugere que a IA poderá até criar mais oportunidades de trabalho para atores e argumentistas. Esta visão otimista baseia-se na sua compreensão das limitações atuais da tecnologia e na natureza fundamentalmente humana do processo criativo cinematográfico.
O realizador argumenta que a criação de personagens memoráveis e histórias envolventes requer uma compreensão profunda da experiência humana que a IA, por enquanto, não possui. Esta limitação, segundo Affleck, é uma garantia natural da continuidade do trabalho artístico humano no cinema.
Os desafios para os efeitos visuais
Apesar do seu otimismo geral, Affleck não ignorou completamente os potenciais impactos negativos da IA na indústria cinematográfica. Em particular, alertou para as mudanças significativas que podem ocorrer no setor dos efeitos visuais, onde a tecnologia já demonstra capacidades impressionantes.
Esta observação vem num momento em que os estúdios de efeitos visuais já começam a incorporar ferramentas de IA nos seus fluxos de trabalho, levantando questões sobre o futuro dos profissionais desta área específica da produção cinematográfica.
A posição de Affleck, sustentada pela sua experiência tanto à frente como atrás das câmaras, oferece uma perspetiva equilibrada sobre o papel da IA no futuro do cinema. A sua análise sugere que, embora a tecnologia continue a evoluir, a essência do cinema – a capacidade de contar histórias profundamente humanas – permanecerá firmemente nas mãos dos artistas.
Outros artigos interessantes:
- Smartphones com ecrãs BOE podem ser banidos nos EUA
- Novo carregador de 120W da Red Magic custa menos de 20 euros
- Amazon Prime Video marca presença no streaming da NBA em 2025