O multimilionário Elon Musk e o seu comité de ação política (PAC) América estão a enfrentar um novo processo judicial devido a um controverso sorteio que prometia distribuir 1 milhão de dólares diariamente a eleitores registados em estados-chave dos EUA. A ação judicial foi apresentada por Jacqueline McAferty, residente no Arizona, que alega que o concurso foi fraudulento.
A situação ganhou particular relevância após as declarações de Chris Gober, antigo tesoureiro do América PAC, durante uma audiência em Filadélfia. Gober revelou que os vencedores do prémio não eram escolhidos aleatoriamente, como inicialmente anunciado por Musk, mas sim predeterminados. “Sabemos exatamente quem será anunciado como vencedor do milhão de dólares hoje e amanhã”, afirmou o advogado republicano.
Esta revelação contradiz diretamente as afirmações públicas de Musk, que havia garantido que os fundos seriam atribuídos de forma aleatória durante um comício político na Pensilvânia.
Os contornos da polémica
O processo, apresentado num tribunal federal em Austin, Texas, expõe uma série de irregularidades no funcionamento do concurso. McAferty, que assinou a petição no dia 20 de outubro, quando o concurso foi anunciado, acusa Musk de fraude e quebra de contrato.
Para participar no sorteio, os eleitores tinham de fornecer dados pessoais significativos, incluindo nome completo, endereço de email, morada e número de telemóvel. Um aspeto particularmente preocupante é que a petição do América PAC não estabelecia quaisquer limitações quanto à utilização ou venda destes dados pessoais.
A queixosa argumenta que Musk fez declarações falsas com a intenção deliberada de induzir as pessoas a assinarem a petição do América PAC, num esquema que visava principalmente a recolha de dados dos utilizadores.
O impacto nas redes sociais
Um elemento adicional do processo destaca como o concurso foi estrategicamente utilizado para aumentar o tráfego na plataforma X (anteriormente Twitter), propriedade de Musk. Esta tática levanta questões sobre a verdadeira natureza do sorteio e os seus objetivos subjacentes.
A polémica intensificou-se após um juiz de Filadélfia ter rejeitado o pedido da cidade para ordenar que Musk pusesse fim ao sorteio. Esta decisão judicial, paradoxalmente, acabou por precipitar a atual ação coletiva, fundamentada precisamente na defesa legal apresentada por Musk no caso de Filadélfia.
Implicações legais e proteção de dados
A situação levanta sérias preocupações sobre a proteção de dados pessoais e a transparência em concursos políticos. O facto de não existirem restrições claras sobre a utilização dos dados recolhidos representa um risco significativo para a privacidade dos participantes.
Especialistas em direito digital alertam para a necessidade de maior escrutínio em iniciativas semelhantes, especialmente quando envolvem figuras públicas influentes e quantias substanciais de dinheiro em períodos eleitorais sensíveis.
A falta de transparência sobre o processo de seleção dos vencedores e o destino dos dados pessoais recolhidos coloca em evidência as fragilidades do sistema regulatório atual no que diz respeito a concursos políticos desta natureza.
Outros artigos interessantes:
- Amazon Prime Video revoluciona a forma de recordar séries com IA
- ChatGPT Plus chega às definições do iPhone com o iOS 18.2
- Google prepara renovação total da aplicação Screenshots do Pixel