A Sensei, uma startup portuguesa especializada em tecnologia para lojas autónomas, acaba de assegurar um financiamento de 15 milhões de euros numa ronda Série A liderada pela BlueCrow Capital. Esta injeção de capital marca um momento crucial para a empresa, que pretende revolucionar o setor do retalho na Europa.
A ronda de investimento contou também com a participação de novos investidores, incluindo a Lince Capital, Explorer Investments e Kamay Ventures (braço de investimento da Coca-Cola e Grupo Arcor), bem como investidores já existentes como a Metro AG e Techstars Ventures.
Este novo financiamento representa um passo significativo para a Sensei, que em 2021 tinha já angariado 5,4 milhões de euros numa ronda seed. A empresa tem vindo a demonstrar um crescimento consistente, duplicando o número de estabelecimentos no último ano.
Como funciona a tecnologia da Sensei
A empresa portuguesa desenvolveu um sistema inovador que utiliza visão computacional, sensores alimentados por inteligência artificial e algoritmos em tempo real. Esta tecnologia permite que as lojas funcionem de forma completamente autónoma, sem necessidade de operadores de caixa.
O sistema atualiza automaticamente o carrinho de compras do cliente e apresenta uma lista pronta para pagamento, mantendo sempre a privacidade e identidade dos compradores protegidas. Esta solução não só reduz os custos operacionais das lojas, como também previne ruturas de stock e oferece aos retalhistas uma visibilidade em tempo real das operações.
A tecnologia já está implementada em várias lojas em Portugal, Espanha, França, Itália e Brasil, demonstrando a sua versatilidade e adaptabilidade a diferentes mercados e culturas de retalho.
Planos ambiciosos de expansão europeia
A Sensei estabeleceu uma meta ambiciosa de alcançar 1.000 pontos de venda totalmente autónomos até 2026. Com o novo financiamento, a empresa pretende expandir-se para a Europa Central e do Norte, mercados considerados estratégicos para o crescimento da empresa.
“Temos vindo a crescer, especialmente no último ano, em que quase duplicámos o número de lojas. Num curto período de tempo, conseguimos abrir estabelecimentos em cinco geografias diferentes”, explica Vasco Portugal, CEO e cofundador da Sensei.
O executivo identifica dois problemas principais no setor do retalho: “A experiência para os clientes não é satisfatória e é muito difícil processar todas as informações de vendas em tempo real. Agora, trata-se realmente da automatização das lojas, tal como aconteceu com a automatização dos automóveis e das fábricas. É uma transição natural.”
Competição intensifica-se no mercado global
Apesar do sucesso da Sensei, a competição no setor é significativa. Várias empresas internacionais já angariaram quantias substanciais: a Standard Cognition conseguiu 239,4 milhões de dólares, a Trigo 199 milhões, a Grabango 93,8 milhões, a AiFi 87,1 milhões e a Zippin 44 milhões.
António de Mello Campello, Partner na BlueCrow Capital, destaca: “A inteligência artificial está a transformar várias indústrias, e acreditamos que o retalho é uma das maiores oportunidades e está prestes a ser revolucionado. A Sensei provou ser uma das melhores no setor.”
O conceito de lojas sem caixas, inicialmente popularizado pela Amazon Go, tem vindo a ganhar tração globalmente, com grandes retalhistas como a 7-Eleven e Walmart a adotarem tecnologias semelhantes. A Sensei posiciona-se como uma alternativa europeia forte, oferecendo a sua tecnologia a retalhistas que procuram modernizar as suas operações.
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