A Tesla acaba de apresentar o seu roteiro para os próximos meses no que toca a inteligência artificial e condução autónoma. Entre as novidades encontram-se atualizações de software, melhorias na performance e até expansão internacional do sistema Full Self-Driving (FSD). No entanto, a falta de transparência nos dados levanta questões sobre a verdadeira eficácia destas promessas.
O plano da fabricante norte-americana estende-se até ao primeiro trimestre de 2025 e inclui várias etapas importantes. Uma das mais aguardadas é o lançamento do FSD na Europa e na China, ainda que sujeito a aprovação regulatória.
Melhorias prometidas, mas sem dados concretos
Para setembro de 2024, a Tesla promete lançar a versão 12.5.2 do seu software de condução autónoma, alegando uma melhoria de cerca de três vezes na distância percorrida entre intervenções necessárias. No mês seguinte, a versão 13 deverá elevar essa melhoria para seis vezes.
O problema? A empresa não divulga dados oficiais sobre as intervenções atuais, tornando difícil avaliar o verdadeiro impacto destas melhorias. Sem um ponto de referência claro, é complicado perceber o que significam exatamente estas promessas de “três vezes” ou “seis vezes” melhor.
A falta de transparência não é novidade. A Tesla tem consistentemente recusado divulgar dados oficiais sobre o desempenho do FSD, deixando entusiastas e críticos a depender de informações recolhidas pela comunidade.
A discrepância entre promessas e realidade
As promessas da Tesla para as próximas versões do FSD parecem mais modestas do que as feitas anteriormente. Em maio, Elon Musk falava numa melhoria de “5 a 10 vezes” na distância percorrida entre intervenções para a versão 12.4. Agora, a empresa fala apenas em triplicar esse valor com a versão 12.5.2.
É importante notar que a versão 12.4 nunca chegou a ser lançada amplamente, e a 12.5 está disponível para apenas cerca de 5% dos utilizadores do FSD. Isto levanta questões sobre a capacidade da Tesla de cumprir os seus próprios prazos e promessas.
O desafio das “intervenções necessárias”
Um dos pontos mais nebulosos do plano da Tesla é o conceito de “intervenções necessárias”. Não está claro se isto se refere apenas a situações críticas ou se inclui também intervenções por questões de conforto ou frustração do condutor.
Dados recolhidos pela comunidade mostram que, com a versão 12.5.1, o sistema consegue em média percorrer 32 quilómetros entre desativações e 128 quilómetros entre desativações críticas. Para atingir um nível de condução verdadeiramente autónoma, estes números teriam de aumentar para algo entre 80.000 e 160.000 quilómetros.
Novas funcionalidades e expansão internacional
Apesar das dúvidas, o roteiro da Tesla inclui algumas novidades interessantes. Para setembro, a empresa promete melhorias no “Smart Summon”, estacionamento automático para o Cybertruck e um sistema de rastreamento ocular que funciona com óculos de sol.
Em outubro, espera-se que o FSD consiga estacionar, sair do estacionamento e fazer marcha-atrás de forma autónoma. A grande novidade para o início de 2025 é a expansão do FSD para a Europa e China, embora ainda sujeita a aprovações regulatórias.
O caminho para a condução totalmente autónoma
Para que o FSD seja considerado verdadeiramente autónomo, os especialistas estimam que seria necessário atingir entre 80.000 e 160.000 quilómetros entre intervenções críticas. Atualmente, mesmo com as melhorias prometidas, o sistema estaria muito longe desse objetivo.
A Tesla tem sido alvo de críticas pela forma como comunica as capacidades do seu sistema de condução autónoma. Muitos argumentam que o nome “Full Self-Driving” é enganador, dado que o sistema ainda requer supervisão constante do condutor.
Apesar das promessas ambiciosas, a realidade é que o caminho para a condução totalmente autónoma ainda é longo e cheio de desafios. A Tesla continua na vanguarda desta tecnologia, mas a falta de transparência nos dados dificulta uma avaliação precisa dos progressos reais.
O plano agora revelado mostra que a empresa continua empenhada em melhorar o seu sistema de condução autónoma. No entanto, só o tempo dirá se estas promessas se traduzirão em melhorias significativas na experiência real dos condutores.
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