Lembras-te daquela história do submarino Titan, que implodiu durante uma expedição aos destroços do Titanic? Pois é, a história ganhou um novo capítulo, e envolve um joystick de videojogo da Logitech que custava apenas 30 euros.
Em 2022, o CEO da OceanGate, Stockton Rush, mostrou com orgulho ao jornalista David Pogue como o Titan era pilotado: com um joystick Logitech F710 sem fios, adaptado com extensões impressas em 3D. Sim, leste bem, o submarino que levava pessoas a quase 4.000 metros de profundidade era controlado com um comando de consola! Pogue ficou incrédulo, mas a história viralizou, com muitos a elogiar a inovação e o uso de tecnologia familiar em situações extremas.
O barato que saiu caro: joystick no centro das atenções após a tragédia
No entanto, a implosão do Titan em junho de 2023, que resultou na morte de todos os cinco passageiros, incluindo Rush, mudou a narrativa. O joystick, antes visto como uma solução engenhosa, passou a ser questionado como um potencial ponto de falha. E agora, a família de uma das vítimas, Paul-Henri Nargeolet, está a processar a OceanGate e outras empresas envolvidas na construção do Titan, e o joystick da Logitech está no centro das atenções.
O processo alega que o Titan tinha vários problemas de design e construção, incluindo o uso de fibra de carbono em vez de titânio, um material mais resistente à pressão, e a dependência excessiva de sistemas eletrónicos “modernos” e “sem fios”. O joystick Logitech, em particular, é criticado por ser um produto de consumo em massa, não projetado para operar em condições extremas, e por usar uma conexão Bluetooth, que pode ser suscetível a interferências.
Especialistas citados no processo afirmam que “cada submarino no mundo tem controlos com fios por uma razão”: garantir que uma perda de sinal não comprometa a segurança da embarcação. A OceanGate, no entanto, ignorou essa regra básica em nome da inovação.
A equipa por detrás do Titan: jovens engenheiros sem experiência em alto mar
O processo também levanta questões sobre a equipa de engenharia responsável pelo Titan, composta principalmente por recém-formados sem experiência em projetos de alto mar. A combinação de decisões arriscadas e falta de experiência pode ter contribuído para a tragédia, argumenta a família de Nargeolet.
Enquanto o mundo lamentava a perda das vidas no Titan, a internet fez o que faz de melhor: criar e espalhar boatos. Uma foto que supostamente mostrava o joystick intacto no fundo do mar viralizou, com muitos a comentar sobre a ironia da peça mais barata ter sobrevivido à implosão. Mas, como era de esperar, a foto era falsa. O joystick, tal como o Titan e os seus ocupantes, foi destruído pela imensa pressão das profundezas do oceano.
O legado do Titan: um alerta para a importância da segurança na inovação
A tragédia do Titan é um aviso sombrio de que a inovação não deve ser confundida com a segurança, especialmente em ambientes tão hostis como o oceano. A procura por novas tecnologias e soluções deve ser sempre acompanhada de testes rigorosos e protocolos de segurança, para evitar que a busca pelo futuro custe vidas no presente.
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