A empresa francesa Gourmey deu um passo inédito ao solicitar autorização aos órgãos reguladores da União Europeia para comercializar o seu foie gras cultivado.
A iguaria, tradicionalmente produzida a partir do fígado de patos ou gansos, poderá em breve chegar aos consumidores europeus em uma versão produzida em laboratório, a partir de células animais.
A Gourmey também apresentou pedidos de autorização em Singapura, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.
Carne cultivada: uma alternativa mais sustentável
A carne cultivada, produzida em laboratório a partir de células animais, visa oferecer uma alternativa mais sustentável e ética à produção tradicional de carne.
Uma investigação (revista por pares) indicam que a carne cultivada pode reduzir significativamente as emissões de gases com efeito de estufa, a poluição atmosférica e o consumo de água, além de exigir menos área de terra para produção.
Adicionalmente, a carne cultivada pode ser produzida sem o uso de antibióticos, contribuindo para a redução do risco de resistência antimicrobiana.
Foie Gras Cultivado: Processo regulatório em andamento
O foie gras cultivado da Gourmey será avaliado pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) ao abrigo do regulamento relativo a novos alimentos.
O processo de aprovação, que pode levar pelo menos 18 meses, incluirá uma análise exaustiva da segurança e do valor nutricional do produto. Caso seja aprovado, o foie gras cultivado da Gourmey poderá ser comercializado nos 27 países da UE.
Opinião dos consumidores e potencial económico
Um inquérito recente da YouGov, encomendado pelo Good Food Institute Europe, revelou que 69% dos consumidores portugueses acreditam que a decisão de consumir carne cultivada deve ser do consumidor, após a aprovação pelas entidades reguladoras. Além disso, 64% concordam que a produção de carne cultivada em Portugal traria benefícios para a economia nacional.
Seth Roberts, Senior Policy Manager do The Good Food Institute Europe, considera o pedido da Gourmey um marco importante para a inovação alimentar na Europa, demonstrando o potencial da carne cultivada para coexistir com as tradições culinárias, reduzir o impacto ambiental e criar empregos.
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