A Lenovo e a sua subsidiária, a Motorola, foram proibidas de vender vários dos seus dispositivos na Alemanha devido a uma disputa legal sobre patentes. Esta decisão judicial afeta uma vasta gama de produtos, incluindo smartphones, tablets e até portáteis que utilizam redes móveis como GSM, UMTS, LTE e 5G.
Conflito sobre taxas de licenciamento
No centro da disputa está a InterDigital, uma empresa americana detentora de patentes essenciais para a tecnologia WWAN, fundamental para a conectividade à internet móvel. A InterDigital alega que a Lenovo não cumpriu os seus termos de licenciamento, que exigem o pagamento de taxas consideradas justas e razoáveis pela utilização da sua tecnologia.
Lojas alemãs sem smartphones nem tablets da Lenovo e Motorola
A decisão do Tribunal Distrital de Munique I, favorável à InterDigital, resultou numa proibição imediata da venda dos dispositivos em questão. A Lenovo e a Motorola já removeram os produtos afetados dos seus sites alemães, mas alguns retalhistas ainda têm stock disponível. No entanto, a escassez e os problemas de entrega podem surgir assim que este stock se esgotar.
Um caso com implicações globais
Este caso é apenas um exemplo das crescentes tensões na indústria tecnológica relativamente às patentes essenciais, cruciais para o funcionamento de muitas tecnologias, e aos termos de licenciamento considerados justos, razoáveis e não discriminatórios (FRAND). A Alemanha, com o seu quadro jurídico favorável aos queixosos em litígios de patentes, tem-se tornado um palco central para estas disputas, com potencial impacto nas negociações de licenciamento e na gestão da propriedade intelectual a nível global.
Lenovo não desiste da luta
Apesar da proibição, a Lenovo não se dá por vencida e planeia recorrer da decisão, argumentando que os termos da InterDigital não são justos. O próximo grande confronto entre as duas empresas está marcado para 10 de junho, em Londres, onde o Tribunal de Recurso do Reino Unido irá rever uma decisão anterior sobre o caso.
Este litígio promete ter implicações significativas para a forma como as empresas de tecnologia gerem as suas patentes e negociam acordos de licenciamento no futuro.
Declarações da Lenovo
Como líder global em tecnologia, a Lenovo respeita o esforço e o investimento que impulsionam a inovação, e somos quer um licenciante quer um titular de licenças de propriedade intelectual. Em relação ao caso da Interdigital (IDC), respeitamos a decisão do Tribunal de Munique, mas não concordamos com ela, pois acreditamos que a IDC violou as suas próprias obrigações legais de licenciar a sua tecnologia em termos justos, razoáveis e não discriminatórios (Fair, Reasonable and Non-Discriminatory – FRAND) para a Lenovo ou para os nossos fornecedores de terceiros.
O acesso à tecnologia padronizada em termos FRAND é fundamental para o futuro da indústria global de tecnologia; continuaremos a lutar pela transparência nas negociações de licenciamento e contra as empresas que procuram valores excessivos para os seus portfólios de patentes. A inovação deve ser acessível e económica, e os critérios e custos de licenciamento de patentes globais não razoáveis da IDC prejudicam os clientes alemães, especialmente os consumidores, reduzindo o acesso às tecnologias mais recentes e aumentando os preços dos produtos tecnológicos. Aguardamos com expectativa a próxima fase do processo e o nosso recurso.
Lenovo
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