A OpenAI lançou uma campanha de sedução em Hollywood, reunindo-se com grandes estúdios como a Paramount, Universal e Warner Bros Discovery para mostrar a sua nova tecnologia de geração de vídeo Sora. Esta ferramenta promete facilitar a produção de filmes com a ajuda de inteligência artificial (IA), mas também levanta preocupações sobre os seus efeitos na indústria do cinema.
O CEO da OpenAI, Sam Altman, e o COO, Brad Lightcap, conduziram apresentações que deixaram os executivos de cinema impressionados. No centro das atenções estava o Sora, um novo modelo de IA capaz de criar vídeos detalhados a partir de simples instruções escritas. Esta demonstração surge pouco tempo depois de a OpenAI ter publicado online uma seleção de vídeos produzidos pelo modelo, criando furor e alimentando o debate sobre o impacto potencial desta tecnologia no mundo criativo.
Potencial para economizar tempo e dinheiro
“O Sora está a gerar uma enorme excitação”, afirma a analista de media Claire Enders. “Existe a perceção de que vai revolucionar a criação cinematográfica, reduzir os custos de produção, e diminuir bastante a necessidade de imagens geradas por computador (CGI)”.
Aqueles que assistiram às demonstrações confirmam: o Sora — ou produtos de IA semelhantes — podem efectivamente representar economias de tempo e dinheiro durante a produção, mas admitem que a tecnologia ainda carece de aperfeiçoamento.
As reuniões da OpenAI com os estúdios de cinema acontecem num momento delicado em Hollywood. No ano passado, greves prolongadas resultaram em garantias, nos contratos dos sindicatos de guionistas e atores, que visam proteger os profissionais contra as consequências da IA. Agora, com novas negociações contratuais em curso, prevê-se que a IA volte a ser um tema sensível.
Sora ainda tem limitações
A OpenAI decidiu adotar uma abordagem controlada para a divulgação do Sora, antecipando preocupações da indústria. A empresa já disponibilizou novos vídeos criados com o Sora por artistas visuais e realizadores, partilhando também as impressões destes profissionais sobre a tecnologia. Atualmente, o Sora tem alguns concorrentes, como os serviços de texto para vídeo oferecidos por startups como Runway, Pika, e Stability AI.
No entanto, ainda não há data de lançamento, nem certezas sobre o lançamento comercial do Sora. Segundo fontes internas, a OpenAI estará a decidir a forma de monetizar a tecnologia, e há passos de segurança a implementar antes de considerar a sua integração num produto.
Outra limitação atual é a curta duração dos vídeos que podem ser produzidos pelo Sora (até um minuto). As criações também apresentam algumas falhas, como vidros que saltam em vez de se estilhaçar, ou membros a mais em pessoas e animais.
Recetividade em Hollywood
Apesar das limitações, alguns estúdios parecem abertos à ideia de usar o Sora no futuro. Contudo, ainda não se discutem acordos ou parcerias. “As reuniões com a OpenAI não foram sobre parcerias,” esclareceu um executivo de estúdio. “Eles fizeram demonstrações, tal como a Apple tem mostrado o Vision Pro. Estão a tentar entusiasmar as pessoas.”
Segundo as fontes, a OpenAI está a mostrar o modelo de forma “muito controlada” a “indústrias que provavelmente serão afetadas primeiro”. A analista Claire Enders refere que a receção da indústria do cinema tem sido otimista, sendo o Sora encarado “principalmente como uma forma de reduzir custos, em vez de algo que impactará a essência criativa de contar histórias”.
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