Além de ajudar a “ressuscitar” hits antigos, rede social serve como vitrine para novos artistas
Uma das plataformas mais populares do mundo, a rede social chinesa TikTok conta com mais de 834 milhões de usuários. Seu conteúdo, formado por vídeos curtos dos mais diversos temas, ajudou a criar novos influenciadores digitais e celebridades da internet.
Contudo, o impacto do aplicativo não fica apenas no impulsionamento de “webfamosos”. Muitos músicos encontraram nele a oportunidade de criar ou reavivar uma carreira. O uso de uma música entre os usuários tem tanta influência que a rede social é considerada um termômetro do mercado fonográfico.
A influência do TikTok não fica apenas na música. O audiovisual em peso tem sido influenciado pelo fenômeno dos vídeos curtos, capazes de contar histórias com plot twists (reviravoltas) na trama. A rede social ajudou a impulsionar artistas de ambos os setores.
O fenômeno “Dreams”
Em setembro de 2020, o usuário Nathan Apodaca (@420doggface208) gravou um vídeo em que andava de skate e bebia uma garrafa de suco de cranberry. Ao fundo, o hit “Dreams”, da banda Fleetwood Mac, gravado em 1977. A tranquilidade de Apodaca em meio ao caos pandêmico que assolava o ano fez com que o vídeo e a música viralizassem.
Embora o álbum Rumours, de onde a canção saiu, tenha enorme peso no mercado musical até hoje, a banda não via números tão expressivos desde a década de 1970. Em dois dias, no entanto, Dreams acumulou 2,9 milhões de streams (crescimento de 88,7%) apenas nos EUA, além de 3 mil vendas digitais de download (aumento de 374%).
Em menos de um mês, a música chegou à lista Billboard Hot 100 pela primeira vez desde 1977, 43 anos após seu lançamento. Em outubro do mesmo ano, alcançou o número um na parada de músicas do iTunes e o álbum Greatest Hits ficou em segundo lugar na parada de álbuns.
Filmes em minutos
O TikTok permite a gravação e o upload de vídeos de até três minutos, embora o usual sejam conteúdos de apenas um minuto. Contudo, criatividade e inovação não são marcas apenas da rede social, mas também de seus usuários, que editam filmes pequenos e os disponibilizam gratuitamente na plataforma.
Esse compartilhamento ocorre de duas maneiras. A primeira é a do próprio autor do filme, que costuma ser um produtor independente. O TikTok, neste caso, funciona como uma plataforma de grande alcance para a produção.
Já a segunda é com a divisão de filmes já consagrados em diversos microvídeos, que os usuários devem assistir em sequência. Aqui, o usuário pode ter problemas com direitos autorais, caso os responsáveis pelo conteúdo original descubram.
Independentemente do autor, esse hábito de dividir os filmes e permitir os comentários em cada trecho mostra uma tendência de consumo de conteúdo audiovisual: o usuário mais jovem, principal público do TikTok, prefere assistir a um conteúdo mais curto e “fragmentado” do que o longo.
YouTube e Shorts
O TikTok influenciou diretamente a mudança de formato de plataformas já consolidadas, como o YouTube e o Instagram.
O Reels é uma resposta de Mark Zuckerberg ao formato do TikTok, assim como os Stories foram para o Snapchat. A diferença é que a rede social da Meta não conseguiu “engolir” o TikTok da mesma forma que fez com a concorrente anterior.
A rede social chinesa mudou até mesmo o foco do Instagram. Em 2021, Adam Mosseri, head da plataforma norte-americana, disse que o objetivo não era mais ser uma rede social de fotos e sim de entretenimento – assim como ocorre no TikTok.
O mesmo aconteceu com o YouTube. Se antes o holofote estava voltado para vídeos longos, que permitiam maior número de anúncios, hoje os vídeos são mais curtos e objetivos. Além disso, a plataforma também criou os Shorts, que funcionam como pequenos conteúdos dentro do canal de cada criador de conteúdo.
Da mesma forma que sua concorrente, os vídeos são no formato vertical, mas com limite de um minuto.
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