Descubra como a IA Life2vec, treinada com dados de toda a população dinamarquesa, revoluciona a previsão de mortalidade, e supera modelos existentes em 11%. Este avanço levanta questionamentos éticos sobre seu potencial uso por empresas de seguros.
Num cenário onde a tecnologia redefine os limites do possível, cientistas da Universidade Técnica da Dinamarca surpreenderam o mundo ao desenvolver o Life2vec, uma inteligência artificial (IA) treinada com dados de toda a população dinamarquesa.
Esta inovação vai além da mera especulação sobre o futuro e promete prever com precisão quem está prestes a embarcar na última jornada da vida.
O estudo revolucionário
Publicado na Nature Computational Science, o estudo utilizou um conjunto de dados abrangente da Dinamarca, e englobou informações sobre educação, histórico médico, renda e ocupação de 6 milhões de pessoas com idades entre 35 e 65 anos.
O resultado? O Life2vec se destacou, superando em 11% a precisão de modelos existentes e as metodologias tradicionais das seguradoras na precificação de apólices de seguro de vida.
Para permitir que a IA realizasse sua análise, os pesquisadores traduziram o vasto conjunto de dados em palavras, e treinaram um modelo de linguagem semelhante aos utilizados em chatbots avançados.
O Life2vec não apenas analisou eventos isolados, mas mergulhou na história de vida de cada indivíduo, e antecipou eventos futuros com base em padrões identificados.
O potencial da Life2vec
O cientista líder da pesquisa, Sune Lehmann Jørgensen, vê o Life2vec como uma ferramenta multifuncional capaz de esclarecer uma gama variada de temas de saúde e sociais.
Prevê-se que a IA seja valiosa para governos na detecção precoce de problemas de saúde e na redução da desigualdade.
No entanto, Jørgensen alerta sobre o seu uso por empresas, especialmente seguros, e destaca o potencial para práticas específicas.
Em uma entrevista, Jørgensen afirmou categoricamente que o modelo não deveria ser explorado por essas empresas, pois isso poderia resultar em práticas discriminatórias.
A questão reside no princípio fundamental da segurança, onde a incerteza sobre quem será afetado por um incidente é compartilhada entre uma pessoa segura e a empresa.
Revelar com precisão quem viverá ou morrerá poderia prejudicar o propósito do seguro.
O alerta de Matthew Edwards
Matthew Edwards, do Instituto e Faculdade de Atuários do Reino Unido, aponta que as seguradoras estão, de fato, interessadas em métodos preditivos inovadores.
No entanto, a maioria delas ainda depende de modelos lineares generalizados, considerados rudimentares em comparação com as capacidades da Life2vec.
Edwards ressalta a cautela necessária na adoção de novas metodologias, dada a natureza da rigidez das políticas de segurança.
Ele ainda enfatiza que, historicamente, as garantias são baseadas em dados existentes para prever a expectativa de vida.
A indústria, por sua natureza, é conservadora ao adotar novas abordagens, dada a responsabilidade de criar apólices que duram décadas.
O medo de cometer erros com algo não verificado se destaca, e a evolução acontece, mas a passos cuidadosos.
Em meio a essas reflexões, surge a questão: até que ponto devemos permitir que a tecnologia decifre o nosso futuro?
A Life2vec é apenas um exemplo das inúmeras possibilidades que a IA apresenta, desafia a ética e levanta questões sobre o equilíbrio entre inovação e responsabilidade.
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