A Philips Electronics colocou um ponto final na sua longa história como uma empresa especializada em produtos eletrónicos de consumo depois de não conseguir competir com sucesso com gigantes asiáticos como a LG, Samsung e Sony numa indústria altamente dinâmica e competitiva. Este anúncio marca o abandono do último grande fabricante europeu a competir neste mercado.
A Philips anunciou que vendeu os activos de seu negócio à Funai Electric uma empresa sediada no Japão. A venda inclui o negócio de áudio, vídeo, multimédia e acessórios por um valor, que os analistas classificam de quase simbólico, de €150 milhões. Incluído no negócio está o licenciamento da marca Philips de modo a que a empresa japonesa possa proceder à sua exploração. Isto quer dizer que a partir de agora todos os equipamentos que vir com a marca Philips, serão fabricados pela Funai.
Esta decisão deve-se ao facto do grupo holandês ter registado um avolumado prejuízo líquido no quarto trimestre, onde os encargos de reestruturação e uma multa de fixação de preços penalizaram severamente a empresa. Contudo este mercado já não era considerado prioritário para a Philips. A empresa nos últimos anos especializou-se sobretudo no fabrico de equipamentos médicos e produtos de iluminação,
Esta medida põe fim a mais de 80 anos de investimento na electrónica para consumo. Os esforços em vão que a empresa fez nos últimos anos para se manter num mercado altamente competitivo e com margens de lucro reduzidas, obrigam que se junte a outras grandes multinacionais europeias, como a alemã Siemens e a Francesa Alcatel-Lucent que também abandonaram este mercado nos últimos anos.
Para trás, a Philips deixa um legado de inovações que marcaram gerações. Por exemplo, na década de 1930, a Philips foi a maior fornecedora mundial de rádios. A empresa holandesa inventou ainda a fita de áudio em 1963, fabricou a primeira videocassete em 1972, e lançou o CD em 1983.
Apesar de constantemente reduzir sua exposição a produtos eletrónicos para consumo ao longo dos anos, a Philips tem lutado para gerar lucros na parte do negócio que ainda controlava. Frans Van Houten presidente executivo da Philips, que assumiu os comando da empresa há quase dois anos, tem focado seus esforços na racionalização do grupo em um simples negócio de engenharia, tornando a empresa mais ágil focada em uma faixa mais estreita de negócio.
Além de scanners hospitalares, fabrico de LED’s e sistemas de controle, a Philips continuou até agora a fabricar produtos de consumo, tais como máquinas de barbear e máquinas de café (tendo alienado o mercado de televisões e segmento móvel há algum tempo). Ainda assim, a Philips informou que o seu prejuízo líquido no quarto trimestre foi de € 358.000.000 em comparação com uma perda de € 162 milhões no quarto trimestre de 2011 e avisou que esperava um início lento de recuperação para as vendas este ano.
O objectivo da Philips será agora competir na indústria de equipamentos médicos e iluminação. Philips referiu que as vendas de sua divisão de saúde geraram 40% da receita do grupo no quarto trimestre, com a divisão de consumo de estilo de vida, a contribuir com 26% dos lucros e a divisão de iluminação, representa agora 32% das receitas do grupo holandês. Via WSJ
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