Artistas de videogames, incluindo dubladores e atores de captura de movimento, votaram a favor de uma possível greve que tem como pauta principais preocupações os salários baixos e uso de IA. Venha entender!
Recentemente, dubladores e artistas de captura de movimento da lucrativa indústria de videogames votaram a favor de uma possível greve, caso as negociações para um novo contrato de trabalho não atendam às suas demandas.
Enquanto o setor de jogos continua a prosperar, os artistas argumentam que é hora de garantir melhores salários e condições de trabalho para acompanhar o aumento do custo de vida.
Cissy Jones, vencedora do prêmio BAFTA por sua atuação como Delilah no jogo “Firewatch”, é uma das vozes principais por trás dessa luta.
Ela faz parte do contrato de videogame negociado pelo SAG-AFTRA, o sindicato que representa esses artistas.
Jones afirma que, nos últimos quatro ou cinco anos, eles não tiveram aumento em seus pagamentos, apesar da alta no valor do custo de vida durante o mesmo período.
Na segunda-feira, dia 25, esses profissionais votaram para autorizar uma possível greve, que pode ocorrer se as negociações para um novo contrato não forem satisfatórias.
Instabilidade no mundo das artes
Esta votação coloca o setor em alerta, pois, além da greve potencial dos artistas de videogames, o SAG-AFTRA já havia liderado outra paralisação em julho por questões relacionadas à indústria cinematográfica e televisiva.
Isso marca a primeira vez em mais de seis décadas que Hollywood enfrenta duas greves simultâneas.
A indústria de videogames é um setor em crescimento constante, gerando receitas enormes.
Em 2021, o nicho arrecadou impressionantes 180,3 bilhões de dólares e as projeções apontam para receitas de 218,8 bilhões até 2024.
Com a demanda por consoles de videogame em alta, empresas como a Sony preveem vendas recordes de unidades do PlayStation.
À medida que os lucros da indústria de games aumentam, muitas equipes e artistas estão se sindicalizando para garantir melhores condições e remuneração justa.
Recentemente, os trabalhadores da Sega e os testadores de videogames da Microsoft nos Estados Unidos formaram sindicatos, demonstrando um movimento crescente de conscientização e organização dentro da indústria.
Muito além do salário
Além de questões salariais, há preocupações significativas sendo debatidas nas negociações.
Uma delas diz respeito ao uso de inteligência artificial (IA) para criar vozes nos jogos.
Empresas como Disney, Activision, EA e Epic Games já estão explorando essa tecnologia. O sindicato, que representa os artistas, busca garantir que eles sejam consultados sobre o uso de IA para preservar a integridade de suas vozes e trabalhos.
Para Jones e outros artistas, a ameaça da IA tornou-se real quando descobriram que suas vozes estavam sendo usadas em vídeos criados por fãs nas mídias sociais sem seu consentimento.
“Eles estavam usando uma versão da minha voz nessas cenas de fãs”, afirmou ela. “Entrei em pânico. Esse é meu único meio de ganhar dinheiro. É assim que alimento meus filhos e os mantenho na escola. Alguém havia tomado minha voz sem meu consentimento”.
Isso destacou a necessidade de regulamentação e consulta aos artistas quando se trata de tecnologias emergentes.
Outra área de preocupação é a segurança dos profissionais de captura de movimento, que desempenham um papel fundamental na criação dos personagens nos jogos.
O grupo está em busca de medidas de segurança aprimoradas para esses artistas, incluindo intervalos regulares e a presença de um médico em locais de filmagem onde ocorrem cenas de ação perigosas.
Enquanto o setor de videogames continua a prosperar, os artistas que contribuem significativamente para seu sucesso estão preocupados com garantias de salários justos e condições de trabalho seguras.
Fique de olho nas negociações em andamento, pois elas podem ter um impacto significativo na indústria de entretenimento como um todo.
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