Na semana passada a Nokia anunciou antecipadamente parte dos seus resultados financeiros para o quarto trimestre de 2012. A mensagem que a empresa finlandesa passou sobretudo aos investidores foi tranquilizadora, assegurando-lhes que iria apresentar resultados melhores do que o esperado. Uma das principais razões para algum optimismo foi o sólido desempenho da divisão de dispositivos móveis e Serviços, tendo a Nokia salientado as vendas acima do esperado da linha Lumia. Mas terá sido esta a única razão dos bons resultados?
Uma análise aos resultados agora disponíveis revela que não. Aliás, de acordo com o anúncio da Nokia, as vendas de smartphones Asha atingiram os 9.3 milhões de unidades no quarto trimestre. Isto significa que em termos aritméticos estes valores da linha Asha representam mais do dobro dos 4.4 milhões de Lumias vendidos durante o mesmo período. Por outras palavras, representa um volume de vendas quase 50 por cento superior aos 6.5 milhões de smartphones Asha que foram vendidos no terceiro trimestre.
Este crescimento é bastante significativo e são números que sugerem que a linha de smartphones Asha está a ter uma boa aceitação em mercados emergentes. Trata-se de um ponto bastante interessante de salientar já que a Nokia luta para voltar a ter um volume de vendas que teve em tempos. Em relação à linha Lumia, a empresa tem uma dura batalha pela frente no segmento de mercado mais alto dos smartphones.
Mas na linha Asha, com as suas funcionalidade aparentemente limitadas incluindo também um sistema operativo minimalista denominado Serie 40, a Nokia pode ter um conjunto de dispositivos com os quais pode competir em mercados emergentes dominados por vários dispositivos “low-cost” com o Android da Google e BlackBerry da RIM.
A linha Asha é por si só interessante para a Nokia, porque em muitos destes mercados a Nokia ainda é uma marca bastante conceituada e os seus anteriores dispositivos com o Symbian sempre se venderam muito bem. Mercados como a Índia, Europa Oriental, África e América Latina são exemplos de onde a Nokia provavelmente tem uma oportunidade séria com a linha Asha. Mas não é só nestes mercados que a Nokia pode vender bem.
Alguns países Europeus estão mergulhados numa crise financeira profunda. Por essa razão este tipo de telemóveis serão também atractivos para os europeus no geral. Claro que a Nokia também terá que competir nestes mercados com telefones Android que estão também a ter um ritmo de crescimento elevado. Será possível prever que a linha de smartphones Asha possa representar a rampa de lançamento Nokia, enquanto esta trabalha em tornar mais atractivos os seus dispositivos da linha Lumia. Mas, “possível” é de facto a palavra-chave aqui.
Apesar do crescimento recente da linha Asha ser encorajadora, não é ainda claro se este crescimento é sustentável para o crescimento da Nokia e em especial os lucros que precisa para voltar aos seus velhos tempos. Afinal como os dispositivos são mais baratos, as margens de lucro também serão inferiores e nesses mercados a empresa conta com vários concorrentes de peso que competem à base do preço como é o caso das chinesas Huawei ou ZTE.
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