O jornal mais antigo do mundo publicou a sua última edição em papel após 320 anos de existência. O “Wiener Zeitung” passa agora a ser apenas digital.
O “Wiener Zeitung”, diário com sede em Viena, deixou de ser publicado em formato impresso após 320 anos de existência. A última edição do jornal, que se tornará exclusivamente digital, foi disponibilizada nas bancas austríacas na sexta-feira, véspera de celebrar seu aniversário histórico.
A perda de receita, estimada em 18 milhões de euros, foi causada por uma recente alteração na lei que isentou as empresas da obrigação de pagar por anúncios públicos na versão impressa, que também era o Diário da República do país.
Alteração na lei resulta em perda financeira
Uma modificação na legislação, aprovada em abril pelo governo austríaco, resultou em mudanças significativas para o “Wiener Zeitung”. Anteriormente, as empresas eram obrigadas a pagar pela veiculação de anúncios públicos na edição impressa, que também desempenhava o papel de Diário da República. No entanto, a nova legislação eliminou essa exigência, causando uma queda acentuada na receita do jornal.
De acordo com a revista alemã “Der Spiegel”, estima-se que a perda financeira do “Wiener Zeitung” tenha alcançado os 18 milhões de euros. Como consequência dessa queda, a equipe editorial foi reduzida de 55 para 20 pessoas. O “The Guardian” relata que, em abril, a tiragem da publicação era de apenas 20 mil exemplares durante a semana, evidenciando o desafio enfrentado pelo jornalismo de qualidade em meio à concorrência das “fake news”, vídeos de animais fofos e teorias da conspiração.
Jornal histórico segue como publicação digital
Apesar do fim da edição impressa, o “Wiener Zeitung” não deixará de existir. O jornal mais antigo do mundo continuará a sua atividade como uma publicação exclusivamente digital a partir deste sábado. Desde a sua primeira edição em 1703, durante a Monarquia de Habsburgo, o “Wiener Zeitung” desempenhou um papel fundamental na história austríaca.
No seu último editorial, Catarina Schmidt afirma: “Isto ainda é um jornal? Nos últimos meses, colocámo-nos esta questão repetidas vezes. Porque uma coisa é clara: nos quase 320 anos de história do Wiener Zeitung, nunca houve um realinhamento tão abrangente como agora.
Ao despedirmo-nos do jornal impresso, estamos a abandonar várias coisas que normalmente compõem um jornal: além do papel impresso, os assuntos atuais não desempenharão um papel no futuro. Não seremos mais “full-time” – não haverá mais cobertura desportiva, não haverá mais clima e não haverá mais dicas de programas.
O que não abandonamos, no entanto, são os valores jornalísticos que compuseram o Wiener Zeitung durante grande parte desses 320 anos: continuaremos a produzir jornalismo independente e de qualidade crítica. Só não está mais no papel”.
Em 320 anos, o jornal que apenas interrompeu a sua publicação durante a 2ª Guerra Mundial, publicou muitas notícias que hoje vemos com outros olhos. Em 1768, por exemplo, relatou um concerto estrelado por um “talento especial” de apenas 12 anos chamado Wolfgang Amadeus Mozart.
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