86 por cento dos jovens portugueses admitem estar viciados em redes sociais. A conclusão é de um estudo pioneiro hoje revelado.
De acordo com o estudo sobre os efeitos das redes sociais na saúde mental, os 86% de jovens que admitem estar viciados em redes sociais é um valor superior à média europeia, que é de 78%. De acordo com a pesquisa divulgada esta terça-feira em Portugal, 90% dos jovens começam a utilizar as redes sociais a partir dos 13 anos, uma tendência preocupante.
A investigação, desenvolvida pela Dove em parceria com organizações de vários países, incluindo Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Brasil, Estados Unidos e Canadá, inquiriu 1200 jovens e pais portugueses. Os resultados são alarmantes e revelam que as redes sociais têm um impacto negativo significativo na saúde mental dos jovens.
Viciados em redes sociais preferem comunicação virtual
O estudo constatou que 80% dos jovens portugueses preferem comunicar através das redes sociais, em detrimento das interações pessoais. Para eles, essas plataformas tornaram-se uma parte integral de suas vidas. Além disso, os jovens admitem sentir-se aborrecidos quando não conseguem aceder às redes sociais, o que é um sintoma de estarem viciados em redes sociais.
Os dados também revelam que dois em cada cinco jovens reconhecem o impacto negativo das redes sociais na sua saúde mental, principalmente devido à exposição a conteúdos tóxicos. Esses conteúdos incluem incentivos à automutilação, que foram vistos por 25% dos jovens, bem como conteúdos de beleza tóxicos, aos quais 90% já foram expostos.
Comportamentos preocupantes
O estudo destaca que cerca de metade dos jovens (45%) observou conteúdos que promovem comportamentos de restrição ou distúrbios alimentares. Além disso, 70% dos jovens já consumiram informações que os incentivaram a utilizar filtros de forma excessiva em suas fotografias e vídeos.
A pressão exercida pelas redes sociais em relação à aparência física também é evidente, já que três em cada quatro jovens afirmam ter visto conteúdos que mostram “corpos perfeitos e irrealistas” e concordam que as redes sociais os fazem querer mudar a sua aparência.
Uma petição pela segurança ‘online’
O estudo, além de analisar o impacto nas crianças e jovens, levou à criação de uma petição internacional em colaboração com a Mental Health Europe, uma rede europeia que trabalha na prevenção de problemas de saúde mental. A petição tem como objetivo levar a questão da segurança ‘online’ dos jovens ao Parlamento Europeu e exigir regulamentação mais rigorosa para as redes sociais. A Dove tem desenvolvido um projeto pela autoestima sob o lema “nenhum jovem deve ser impedido de atingir todo o seu potencial” e o estudo agora desenvolvido sobre o grau em que os jovens estão viciados em redes sociais faz parte desse projeto.
Redes sociais com mais poder
O estudo também abordou a visão dos pais sobre o impacto das redes sociais. Constatou-se que 48% dos pais sentem-se culpados por não conseguirem proteger adequadamente os seus filhos dos conteúdos prejudiciais encontrados online. Além disso, 52% dos pais acreditam que as plataformas têm mais poder para moldar a autoestima e a confiança dos jovens do que eles próprios, e 40% confirmam que os conteúdos têm um impacto negativo na saúde mental de seus filhos, provocando mesmo que fiquem viciados em redes sociais.
Mais de 85% dos pais concordam que as redes sociais precisam de mudar para proporcionar uma experiência mais positiva aos adolescentes. Eles também defendem a necessidade de adoção de leis para responsabilizar as plataformas pelos danos causados à saúde mental dos jovens.
O papel dos pais e a urgência de ação
O psicólogo Eduardo Sá, comentando os dados à agência Lusa, afirmou que o estudo “torna mais visível” o acesso desenfreado e sem supervisão dos jovens às redes sociais. O especialista sublinhou a falta de proteção e regulamentação por parte dos adultos, o que acaba por ter um impacto prejudicial na saúde mental dos jovens.
O estudo que concluiu que 86 por cento dos jovens portugueses admitem estar viciados em redes sociais, destacou ainda a falta de orientação e supervisão na relação dos jovens com as redes sociais. Os adolescentes reconhecem o vício nessas plataformas, mas não encontram apoio ou regulação por parte dos adultos.
Para o especialista em Saúde Familiar e Educação Parental, é preocupante a forma como os adolescentes são expostos a conteúdos tóxicos que distorcem a sua percepção da realidade, principalmente em relação à beleza. Eduardo Sá enfatizou a responsabilidade dos pais em estabelecer regras claras para proteger o crescimento saudável dos jovens e impedir que fiquem viciados em redes sociais.
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