Um tesouro romano descoberto em Itália conta a história do seu proprietário. Os 175 denários de prata foram descobertos na zona de Livorno.
Muitas vezes, encontrar tesouros é um trabalho de paciência e minúcia. Outras, é apenas sorte. Foi o que aconteceu em novembro de 2021, quando um membro de um grupo arqueológico caminhava na floresta. O achado apenas agora foi divulgado.
Numa zona onde tinha havido um abate de árvores recente, o homem detetou algumas moedas aparentemente antigas debaixo de umas folhas. Como era membro do Grupo Arqueológico Paleontológico de Livorno, entrou em contacto com as autoridades arqueológicas da zona, enviou umas fotos e, constatado o potencial interesse, ficou de guarda ao achado.
A Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Património das províncias de Pisa e Livorno afirma que no primeiro dia foram recuperadas quase todas as moedas, bem como partes do recipiente que as continha, e que nas escavações posteriores os arqueólogos encontraram ainda mais alguns denários de prata.
Os arqueólogos estão convencidos que encontraram todo o tesouro, uma vez que as moedas estavam praticamente todas juntas. No seu conjunto, o pequeno tesouro encontrado, datado do final do período republicano, é constituído por 175 denários de prata em bom estado de conservação. “O número original de moedas deve ser muito próximo ou mesmo coincidir com o que foi encontrado, uma vez que, apesar do contentor partido, muitos denários continuavam agrupados e apenas alguns exemplares se encontravam dispersos num curto raio de distância do núcleo maior”, afirma a Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Património das províncias de Pisa e Livorno em comunicado.
Tesouro eram poupanças de soldado?
Ao datarem as moedas, os arqueólogos perceberam estar perante as poupanças de uma vida. Trata-se, provavelmente, das poupanças de vida de um soldado das legiões romanas. Sobre as moedas, os arqueólogos dizem que, “com excepção das primeiras emissões, datáveis entre 157-156 e 110 a.C. e atestadas em 1 ou, no máximo, 2-3 exemplares, a presença de grupos mais numerosos começa na década de 109-100 a.C. e duplica nas décadas seguintes. A maior concentração ocorre nos anos entre 91 e 88 a.C. do bellum sociale em que a massa monetária reflete o grande movimento de homens e meios de Roma contra a revolta dos socii itálicos”.
Bellum sociale foi como ficou conhecida a guerra de quatro anos que opôs Roma aos seus aliados, os socii da península italiana, que queriam direito à plena cidadania romana. A maior concentração dos denários encontrados no tesouro foi cunhada no período da guerra. Os arqueólogos registaram uma diminuição de denários cunhados após 88 a.c. e constataram que a deposição terminou em 84 a.c.
“O tesouro poderia ser a poupança de um soldado já empenhado na guerra social e talvez também na guerra entre Sulla e os Marianos. Depois de regressar à sua casa e aos seus campos, teria escondido os denários de prata debaixo de uma árvore da floresta próxima, que nunca mais voltaria a recuperar”. A hipótese é da Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Património das províncias de Pisa e Livorno, que anuncia que o tesouro será exposto no museu de Livorno.
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