No último artigo falei sobre o preço dos EVs e a necessidade de olhar para o TCO, ou seja, o custo total de propriedade, mais do que para o preço de aquisição. Neste como em outros casos, o Excel é nosso amigo e vale a pena fazer contas do custo que o carro irá ter ao final de 4 ou 6 anos – ou tantos quantos tencionam manter o vosso carro.
Descrevi então três cenários em que os EVs são claramente, já hoje, uma melhor opção: nas gamas altas, para as empresas e para os utilizadores profissionais que tencionam fazer muitos quilómetros.
Mas, para todos nós, que não encaixamos em qualquer um desses cenários, mantém-se a questão: não há EVs baratos.
Isso é algo inegável, se considerarmos como “barato” um carro (novo) de 15.000 euros. Porque hoje é basicamente impossível comprar-se um veículo novo por menos desse valor – os fabricantes simplesmente descontinuaram os seus modelos mais baratos! O grupo Stellantis (Peugeot, Citroën, Fiat, Opel e Chrysler/Jeep) deixou de fabricar o Citroën C1/Peugeot 108; a Toyota fez o mesmo no que diz respeito ao Aygo (a sua versão do C1/108); a Ford descontinuou o Ka, o Ka+ e até o Fiesta; e mesmo o Fiat Panda mais básico custa mais de 15.000 euros. Estes são os exemplos mais óbvios, mas uma vista de olhos pelos websites de outras marcas em Portugal permite concluir que… já não há carros baratos!
Muito bem, dirão. Mas no que diz respeito a EVs, ainda conseguem ser mais caros. E é verdade. Só que aí eu acho que vale a pena sugerir um EV usado. Pessoalmente, jamais comprei um carro (ICE) usado, porque acho que há uma grande probabilidade de as coisas correrem mal, mas não tive qualquer hesitação em fazer o mesmo com um EV. Na verdade, foi o que fiz ao comprar o meu BMW i3 94 Ah no final de 2021.
Ainda assim, os EVs em segunda mão são caros quando comparados com carros ICE de gama baixa, mas a verdade é esta: estamos a comparar alhos com bugalhos. Para quem se preocupa com potência e aceleração, um EV terá quase sempre de ser comparado com as gamas altas de veículos semelhantes, dadas as diferenças entre uma motorização elétrica e uma motorização a combustão.
Por outro lado, com uma diferença de preço que deixa de ser muito grande, fazer as contas ao TCO torna-se mais simples. Mesmo para quem faça poucos quilómetros, valerá sempre a pena – em termos económicos, porque em termos ecológicos, valerá a pena em praticamente qualquer cenário.
Mas isso já será tema para um novo artigo.
* António Eduardo Marques conduz diariamente um EV e é responsável pela página Mobilidade Elétrica no Facebook.
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