A dominância do Bitcoin é a quota da criptomoeda original, o BTC, na capitalização total do mercado de criptomoedas. Durante algum tempo após a sua criação, em 2009, o Bitcoin permaneceu como o único ativo digital existente e, portanto, foi o único representante de toda a capitalização do mercado de criptomoedas. No entanto, com o tempo, as coisas começaram a mudar.
Em 2013 tivemos a primeira onda de altcoins que agregaram seu valor à fórmula de capitalização do mercado de criptomoedas. O ano de 2015 assinalou o nascimento do Ethereum – o rival mais próximo do Bitcoin, que introduziu a moeda Ether – e em 2017 o boom de ICOs resultou num domínio ainda mais diluído do BTC, que atingiu uma baixa histórica. Houve uma recuperação alguns meses depois, ultrapassando o valor de 50%; mas hoje a dominância do BTC enfrenta sua maior concorrência na forma de tokens do metaverso, DeFi, NFTs e mais de 20.000 outras criptomoedas.
Neste artigo da Binance Academy, vamos passar em revista a dominância passada, atual e futura da mais conhecida criptomoeda.
Introdução
Bitcoin, a primeira criptomoeda do mundo, foi lançada publicamente em 2009 por um desenvolvedor anónimo (ou grupo de desenvolvedores) conhecido como Satoshi Nakamoto. Desde então, apesar do aumento da concorrência, o Bitcoin continua a ser a maior e mais valiosa criptomoeda do mundo. A sua tecnologia subjacente também inspirou o desenvolvimento de milhares de novas criptomoedas conhecidas coletivamente como moedas alternativas, ou altcoins.
A posição do Bitcoin em relação aos outros ativos digitais continua sendo extremamente importante, sendo considerada como um indicador do estado geral do mercado de criptomoedas. Para medir o valor de mercado do Bitcoin em relação ao mercado geral de criptomoedas, traders e analistas usam uma proporção chamada “dominância do Bitcoin”, ou dominância do BTC.
O que é a dominância do Bitcoin?
A dominância do Bitcoin é a participação do Bitcoin no valor total do mercado de criptomoedas. É calculada dividindo o valor de capitalização de mercado do BTC pelo valor total de capitalização do mercado de criptomoedas.
Por que isso é importante? Historicamente, os traders têm usado a dominância do Bitcoin para tentar identificar se as altcoins apresentam tendência de alta ou de baixa em relação ao Bitcoin. Por exemplo, muitos acreditam que se as altcoins estão em alta, o mercado de criptomoedas também deve iniciar uma tendência de alta (“bull market”). Em 2017, por exemplo, um declínio significativo na dominância do BTC sinalizou uma disparada nos preços das altcoins (em vez de uma queda no preço do BTC), coincidindo com todo o mercado entrando em uma fase de alta.
De uma criptomoeda para milhares
Em 2011 foi criada a primeira altcoin, o Litecoin, e em 2013 — “o ano do Bitcoin” segundo a revista Forbes — o número de novas altcoins no mercado começou a aumentar rapidamente. Em maio de 2013, o mercado de criptomoedas contava com pelo menos dez tokens, incluindo o Litecoin (LTC) e o XRP da Ripple.
Ao mesmo tempo, o preço do Bitcoin disparou à medida que mais investidores exploravam o setor de ativos digitais pela primeira vez. No entanto, mesmo com alguns recém-chegados para competir, a dominância do BTC permaneceu em torno de 95% durante esse período.
O nascimento do Ethereum. Em 2015, Vitalik Buterin e uma equipa de programadores lançaram a rede Ethereum (ETH). Ela começou a rivalizar o Bitcoin como uma blockchain que permitia mais casos de uso além dos serviços financeiros, como a transferência de dinheiro. Inabalado pela concorrência do token nativo do Ethereum, ether (ETH), o bitcoin continuou a representar cerca de 90-95% do mercado de criptomoedas.
A febre dos ICO. As coisas só começaram a mudar em 2017 — com o boom das ofertas iniciais de moedas (ICOs). Estas tornaram-se num método popular de crowdfunding para projetos de criptomoedas em estágio inicial, e numa tendência proeminente de 2017 a 2018.
Nessa altura houve cerca de 2000 ICOs, com um valor acumulado de mais de 10.000 milhões de dólares arrecadados. Os fundos começaram a fluir da rede Bitcoin para muitas altcoins mais recentes que surgiram na época; alguns investidores acreditavam nos casos de uso convincentes, mas não comprovados, enquanto outros estavam mais interessados em lucrar com as dramáticas oscilações de preços.
O influxo sem precedentes da competição de altcoins resultou no primeiro grande declínio da dominância do Bitcoin, atingindo uma quota mínima histórica de cerca de 37%, em janeiro de 2018.
O “Inverno Cripto” de 2018. Embora tenha gerado considerável notoriedade para as criptomoedas, o boom de ICOs durou pouco. Os investidores perceberam que muitos projetos careciam de fundamentos básicos ou tinham práticas comerciais questionáveis. Alguns projetos até se tornaram alvo de análises regulatórias por órgãos dos EUA e outras autoridades. Esse sentimento negativo acabou por se espalhar por toda a indústria e o mercado geral de criptomoedas passou por um período prolongado de declínio e estagnação de preços.
A recuperação do Bitcoin. Com a desvalorização de muitas altcoins e a desilusão geral dos investidores com as ICOs, a dominância do BTC voltou gradualmente para mais de 50% nos últimos meses de 2018. Em 2019, o preço do Bitcoin apresentou uma leve recuperação, sendo negociado a aproximadamente US$ 7.000 até o final do ano, enquanto a dominância do BTC atingiu um pico de cerca de 70% em setembro. O ativo digital, no entanto, permaneceria relativamente estável até a pandemia da COVID-19 em 2020.
O mercado na pandemia de COVID. A partir de 2020, em consequência de uma queda acentuada no período de pandemia, o mercado de criptomoedas entraria em uma fase de alta (“bull run”) recorde. Simultaneamente, a dominância do BTC atingiu 72% em janeiro de 2021, o maior valor desde 2017, antes de cair para 39% em meados de 2021. Com a pandemia, muitas pessoas, entediadas e presas em casa, começaram a investir e fazer transações. Enquanto isso, para compensar a desaceleração económica da pandemia, governos de todo o mundo distribuíam dinheiro para estimular suas economias em dificuldades. Traders de retalho investiram uma parte considerável desses fundos em ações, forex ou no mercado de criptomoedas pela primeira vez.
Depois, na sequência de toda a atenção dada pelos media às criptomoedas durante o segundo semestre de 2020, as altcoins tornaram-se uma escolha cada vez mais interessante, embora arriscada, para investidores particulares, especialmente os recém-chegados à procura de ganhos rápidos. O preço da Shiba Inu (SHIB), por exemplo, teve um aumento que ultrapassou os 40.000 % em 2021.
Além disso, o rápido crescimento de inovações como as finanças descentralizadas (DeFI) e os NFTs, que existiam principalmente em blockchains concorrentes como a Ethereum e a Solana (SOL), contribuiu para que o Bitcoin perdesse uma fatia maior da sua participação de mercado. O preço da Solana aumentou de 1,50 dólares para um recorde histórico de 250 dólares em 2021, depois de despertar o interesse de instituições e traders particulares devido à sua tecnologia subjacente.
Desde então, a dominância do BTC tem enfrentado dificuldades para ultrapassar o patamar de 50%. O recente e lento crescimento da dominância do BTC pode ter algo a ver com o lançamento da ETH 2.0, a tão aguardada atualização da Ethereum para o mecanismo Proof of Stake e com o atual mercado em baixa (“bear market”).
Considerações finais
Nos últimos anos, o crescimento do mercado de altcoins diluiu o domínio do mercado do Bitcoin. O Bitcoin agora compete com os tokens DeFi, o popular setor de NFTs e milhares de outras criptomoedas, diferente dos primeiros anos, quando havia muito poucos concorrentes.
Mesmo assim, o Bitcoin ainda é a principal criptomoeda em termos de capitalização de mercado. E é pouco provável que perca sua dominância num futuro próximo. Muitos investidores veem o Bitcoin como uma reserva de valor por causa de sua oferta finita – daí a designação de “ouro digital”.
Mas, o mais importante, o status do Bitcoin como a primeira criptomoeda da indústria deu-lhe uma vantagem competitiva no mercado de ativos digitais. No entanto, a história já mostrou que, se algo melhor aparecer, essa vantagem do pioneirismo pode não ser suficiente. Resta saber se algum dia teremos outra criptomoeda capaz de dominar o mercado cripto como fez o Bitcoin até agora.
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