Com certeza você já ouviu falar sobre o metaverso, foi impactado por algum anúncio de curso sobre o tema ou notícias de personalidades e influenciadores que criaram seus avatares e já estão monetizando.
Mas afinal, vale a pena alocar tempo, equipe e dinheiro em uma tecnologia que ainda está em processo de desenvolvimento? Te convido a fazer essa reflexão.
Antes de mais nada, para que você seja capaz de responder a essa pergunta, é necessário que entenda o que de fato é o metaverso e quais são as possibilidades e oportunidades dentro desse cenário.
Entenda o que é o metaverso
Apesar de ter se popularizado em outubro de 2021, quando Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, anunciou que a empresa passaria a se chamar “Meta” e estaria a partir daquele momento completamente focada em desenvolver o seu próprio metaverso, essa nomenclatura não é tão recente na nossa história.
O termo metaverso foi citado pela primeira vez há 30 anos, no livro de ficção científica Cyberpunk “Snow Crash”, do autor norte americano Neal Stephenson, no qual relata a história de um jovem entregador de pizzas que usa o metaverso para fugir da sua realidade distópica em uma sociedade fragilizada por crises financeiras, políticas e pela violência. Algo bem semelhante ao que vivemos recentemente, né?
Os metaversos se caracterizam como ambientes virtuais imersivos, coletivos e persistentes. Ou seja, para que um ambiente seja considerado como um metaverso, ele precisa gerar experiências entre pessoas através de avatares personalizáveis e esse ambiente necessariamente é persistente, o que significa que não pode ser pausado, mesmo que você saia para viver sua vida real.
Tudo isso parece muito empolgante, e de fato é. Mas, quando pensamos em negócios, precisamos ser reacionais, nos voltarmos para nossa estratégia e avaliar se faz sentido ou não a adoção dessa ou de qualquer inovação dentro da sua realidade. Sobretudo o metaverso, que, segundo a consultoria McKinsey & Company, já recebeu 120 bilhões em investimentos só neste ano.
Para fazer essa avaliação, é interessante utilizar o Hype Cycle, uma metodologia de análise de crescimento de novas tecnologias, criada pelo Instituto Gartner. O Hype Cycle é dividido em cinco etapas subsequentes: Gatilho da Inovação, Pico das expectativas, Abismo da Desilusão, Rampa do Iluminismo e Planalto de Produtividade.
Hoje, o metaverso está na primeira etapa do Hype Cycle, conhecida como “Gatilho da Inovação”, é o momento no qual algumas empresas criam protótipos e ferramentas para testar no mercado. Essa fase, geralmente é cercada por um aquecimento no apelo midiático e especulações sobre o assunto. É uma ótima oportunidade para empresas que tem como estratégia de marketing serem percebidas como “early adopteres” de alguma tecnologia.
Entretanto, até o metaverso chegar na fase “Planalto da Produtividade,” ou seja, o momento em que passa a ser adotada em grande escala e fazer parte da rotina da massa, como, por exemplo os smartphones, é necessário tempo e muito investimento, especialmente em infraestrutura. E como é possível ver na imagem, a expectativa é que essa fase leve mais de dez anos para de fato se estabelecer. Pensem: do que valeria um smartphone se só pouquíssimas pessoas tivessem acesso a eles e se não houvesse rede de internet móvel para que ele pudesse se conectar?
É relevante estudar sobre o metaverso e as outras tecnologias emergentes que possivelmente farão parte do nosso futuro próximo, mas é ainda mais importante que as lideranças estejam preparadas para conduzir a transformação digital em suas empresas. Dessa forma, é possível entender a estratégia por trás do negócio e investir em tecnologia de forma consciente e assertiva, sem estar constantemente vulnerável às rápidas inovações do mercado.
Frederico Samartini é engenheiro, mestre em Elétrica e Redes Neurais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Finanças pela London Business School e CEO da Yssy & CO, líder nacional de implementação de tecnologia para transformação digital para empresas.
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