Vivemos numa sociedade onde as coisas chegam a nós quase caídas do céu, estando o ser humano cada vez mais abstraído do seu meio e sobre todos os processos de criação que podemos encontrar na indústria. Enquanto a grande maioria já usufruiu de um carro, poucos devem ter a curiosidade de perceber como este é montado, que tecnologias estão por detrás do processo de criação e até como são preparadas todas as componentes para este processo de fabrico.
Para este aparente desconhecimento muito contribui a inacessibilidade de alguns temas, que muitas vezes são reservados para quem de facto os procura, seja por necessidade, seja por mera curiosidade. Um desses temas, e que aqui se atribui mais às indústrias metalúrgicas e da metalomecânica, é o processo de tratamento térmico de metais, que apesar da sua importância para grande parte dos nossos engenhos é, para muitos, desconhecido.
Mas começando pelo tópico em si: afinal, o que é o tratamento térmico de metais? Este é um conjunto de processos que levam à alteração e manipulação física e, por vezes, química de materiais metálicos. De forma mais simples, o tratamento térmico de metais é uma forma de alterar os mesmos da forma que melhor se adequa ao seu destino. Os materiais podem ser expostos a processos de aquecimento e arrefecimento extremos de forma a alterar a sua resistência e durabilidade, conforme a peça na qual se vai tornar o necessite.
Como mencionado acima, o tratamento térmico é um termo genérico que serve para nos referirmos a um conjunto de processos que são utilizados na indústria, e que passamos agora a elencar, não só, quais os principais, mas também quais as suas vantagens.
Recozimento
O processo de recozimento passa por levar o metal a uma temperatura determinada e, posteriormente, controlar o processo de arrefecimento de forma a produzir uma microestrutura refinada. Este processo de arrefecimento é geralmente lento e, sendo o recozimento utilizado para amolecer um metal para melhorar a sua aplicação mecânica e para potenciar algumas propriedades como a condutividade elétrica.
Quenching e Têmpera
Para além de técnicas de arrefecimento controlado, é também possível obter diferentes resultados arrefecendo os metais de forma rápida. Este tipo de arrefecimento dá lugar à transformação martensitica, o que tende a criar maior rigidez em ligas férreas. Para se dar este processo, é necessário aquecer o metal em questão, seja ele aço ou ferro, acima da sua temperatura de fusão e logo após arrefecido com rapidez, sendo para tal utilizado ar a alta pressão ou gases como o nitrogénio, sendo também possível recorrer a líquidos como a água.
Neste processo é ainda, por vezes, necessário oferecer uma maior resistência aos metais. Apesar da grande rigidez, estes mantém-se frágeis e, por isso, a sua utilidade é reduzida. Assim, de forma a obter uma maior resistência dos metais, é feito um aquecimento gradual e controlado, entre os 205˚C e os 595˚C, que torna os metais mais duros e resistentes.
Alívio de Tensões
Este é um processo que, tal como o nome indica, permite remover ou reduzir a pressão interna criada nos metais pelo rápido arrefecimento ou por um arrefecimento não uniforme. Esta pressão pode ser eliminada aquecendo o metal até uma temperatura pouco abaixo do seu ponto critico de fusão e procedendo de seguida a arrefecer de forma uniforme esse mesmo metal.
Normalização
Este é o processo através do qual é possível uniformizar metais, nomeadamente ligas. A normalização é uma técnica muito utilizada em materiais que passarem por um processo de austenitização e posteriormente de arrefecimento ao ar livre. Para permitir aos metais endurecerem e ganharem resistência, é muitas vezes utilizado este processo de normalização, perdendo um pouco no que toca à maleabilidade relativamente àquele que passa por um processo de recozimento.
Envelhecimento
Por fim, o processo de envelhecimento é muito parecido ao processo de recozimento, mas tirando partido do tempo para obter maior qualidade. Na fase de aquecimento dos materiais, a temperatura a utilizar será relativamente baixa, mas atuará durante um maior período de tempo. Este processo permite que os elementos criados se espalhem pelas microestruturas do metal e criem partículas intermetálicas, dando força ao metal.
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