Na história da nossa evolução, a corrida espacial tem um papel fundamental na conquista de novos marcos, a partir do desenvolvimento de tecnologias. É o que se espera da Inspiration4, a mais recente missão da SpaceX, planejada por dois meses e concretizada em setembro deste ano, que, pela primeira vez, possibilitou a quatro civis a experiência de chegar até a órbita terrestre, rumo à Estação Espacial Internacional.
O lançamento do foguete Falcon 9, no dia 15 de setembro, na Flórida, teve os ingressos custeados pelo bilionário norte-americano Jared Isaacman, de 38 anos, que convidou os civis Chris Sembroski, 42 anos, engenheiro de dados e veterano da Força Aérea dos Estados Unidos, Hayley Arceneaux, 29 anos e enfermeira, e a professora de 51 anos Sian Proctor.
Os escolhidos realizaram um treinamento durante seis meses para fazer a viagem de apenas três dias a bordo da cápsula Crew Dragon, que aterrissou tranquilamente no Oceano Atlântico em 18/09 e tinha como objetivo provar que não é necessário ser um astronauta para ir ao espaço, e, dessa maneira, incentivar o turismo para além da Terra.
Bilionários e a corrida espacial
A Inspiration4 não deixa de ser também um passo à frente na corrida espacial; afinal, Elon Musk, criador da SpaceX, não queria ficar atrás dos concorrentes Jeff Bezos, da Blue Origin, e Richard Branson, fundador do Grupo Virgin, que estão investindo pesado nessa nova modalidade de turismo e realizaram os primeiros voos comerciais em julho de 2021.
O precursor da iniciativa foi o foguete VSS Unity, de Branson, que voou por 20 minutos na modalidade suborbital, no dia 11/07, seguido pelo New Shepard, de Bezos, que viajou da mesma maneira por dez minutos, em 20/07. Atualmente, tanto a Blue Origin, quanto a Virgin e a SpaceX, têm planos para comercializar viagens espaciais em 2022.
Parceria público-privada
A mais recente missão da SpaceX é um exemplo de como a união entre o governo e as empresas privadas pode gerar avanços significativos, não apenas para o desenvolvimento de novas tecnologias para o espaço, mas também para a vida na Terra.
A Inspiration4 foi motivada pelo Commercial Crew Program, o programa da NASA que desafiou empresas do setor aeroespacial, com um incentivo de US$ 8 bilhões, a construírem um mecanismo de transporte seguro e com bom custo-benefício, que pudesse realizar viagens pela suborbita do planeta ou até a Estação Espacial Internacional.
O programa, que teve início em 2010, contou com a participação de diversas empresas, mas as que mais se destacaram foram a Boeing e a SpaceX. E, entre os principais benefícios, além da promoção da inovação, todo o conhecimento adquirido e desenvolvido durante o processo foi compartilhado entre as instituições e a agência americana.
Benefícios que vão além do espaço
Não é de hoje que as missões espaciais proporcionam avanços significativos para a vida terrestre. Você pode não saber ou nunca ter pensado nisso, mas, desde as atividades mais simples até as mais complexas, existe uma interferência positiva causada pelo progresso da tecnologia.
As papinhas de bebê são um exemplo clássico de comida que, inicialmente, foi projetada para os astronautas. Na mesma linha está a criação dos equipamentos que hoje são aproveitados para a prática de exercício em casa e as linhas de ferramentas sem fios, para que a tripulação pudesse usar no espaço.
O GPS, os trajes de compressão para gestantes e o termômetro infravermelho também são invenções que surgiram a partir dessas missões, mas existem muitas outras. Por isso, é possível esperar que a Inspiration4 e o turismo espacial marquem o início de novas tecnologias e inovações também para quem não vai tirar os pés do chão.
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