Os parceiros do consórsio DeStalk lançaram um curso online que capacita funcionários públicos e trabalhadores, tanto de serviços de apoio à vítima, como de programas para agressores, com o objetivo de combaterem com eficácia as formas digitais de violência de género
A comunidade de segurança de IT, as organizações de investigação e de sociedade civil, assim como as autoridades locais, colaboraram com os seus conhecimentos para definir o conteúdo deste curso online.
Desde fevereiro de 2021, os parceiros do consórcio DeStalk têm desenvolvido uma formação online, com o objetivo de prevenir a ciberviolência de género e ajudar as vítimas. De acordo com o Instituto Europeu para a Igualdade de Género, uma em cada dez mulheres com mais de 15 anos1 foi vítima de ciberviolência. Na Europa, sete em cada dez mulheres que sofreram ciberbullying também sofreram pelo menos uma forma de violência física ou sexual por parte do seu parceiro.
O stalkerware é um software disponível no mercado que é utilizado para espiar secretamente a vida privada de outra pessoa, através de um dispositivo inteligente, e é frequentemente usado como ferramenta para a violência no namoro. De acordo com o estudo State of Stalkerware da Kaspersky, no total, 6.459 utilizadores de telemóveis na UE foram afetados por stalkerware em 2020, com a Alemanha, Itália, França e Espanha a registarem quase mil casos, sendo os países mais afetados. No mesmo ano, em Portugal, foram registados 127 casos de stalkerware.
O novo curso online vem preencher uma lacuna de conhecimento, já que esta forma de violência é um problema mundialmente conhecido. Contudo, os profissionais e funcionários públicos precisam de mais formação para melhorar a sua capacidade de reconhecer e combater a ciberviolência e o stalkerware.
“As novas formas de violência no namoro, como a ciberviolência e o stalkerware, precisam de profissionais capazes de perceber como abordar estas questões e evitar riscos, ao mesmo tempo que protegem as vítimas. Além disso, os legisladores e outros stakeholders são uma parte crucial da luta contra a violência doméstica. Esta formação prática e centrada na vítima, orientada para profissionais e partes interessadas, tem como objetivo aprofundar os conhecimentos sobre o tema da ciberviolência e o stalkerware, e proporcionar recursos para o enfrentar“, partilha Berta Vall, professora associada da Faculdade de Psicologia, Educação e Ciências do Desporto da Fundação Blanquerna.
Formação multilíngue e online
A Kaspersky desenvolveu um módulo de aprendizagem online em colaboração com a Fundação Blanquerna, Una Casa per l’Uomo, a Regione del Veneto e a WWP EN. O curso está disponível na plataforma da Kaspersky para a consciencialização sobre segurança, uma das plataformas educacionais da empresa. A criação do curso online foi possível graças ao apoio do Programa Direitos, Igualdade e Cidadania (REC) da Comissão Europeia.
“Estamos muito orgulhosos por ter orientado o trabalho no curso online do DeStalk, contando com a colaboração dos nossos parceiros especializados em investigação e educação, organizações de sociedade civil e autoridades governamentais, para desenvolver o conteúdo desta importante formação sobre ciberviolência e stalkerware. Combinando o conhecimento de todos em diferentes disciplinas, desenhámos um curso online único na nossa plataforma, que visa melhorar as capacidades dos profissionais e autoridades governamentais que atuam na área da violência doméstica, através de uma abordagem de micro aprendizagem e percursos de formação automatizados, que vão permitir aos utilizadores aprender ao seu próprio ritmo e adquirirem as competências necessárias para apoiarem vítimas de ciberviolência e stalkerware”, comenta Alfonso Ramírez, Diretor Geral da Kaspersky Ibéria.
A formação está aberta a representantes da UE de instituições e serviços que abordam a violência de género e está disponível em cinco línguas: inglês, francês, alemão, italiano e espanhol. Cem utilizadores terão acesso à plataforma de e-learning de forma gratuita para concluir o programa antes de agosto de 2022. O curso está desenhado para uma aprendizagem autónoma, o que significa que cada aluno irá estudar ao seu próprio ritmo, sendo regularmente motivado pela própria plataforma. Embora dependa do tempo que cada pessoa pode dedicar ao curso, estima-se que, dedicando entre 30 e 90 minutos semanais, seja possível concluí-lo no prazo de quatro semanas.
“As políticas regionais de prevenção e combate à violência contra a mulher devem ser atualizadas e contemplar todas as novas formas de abuso. É necessário consciencializar e ampliar o conhecimento sobre o assunto e tudo o que a ciberviolência e o assédio acarretam, além de apostar em capacitações específicas para todos os envolvidos, sendo este um tópico fundamental para melhorar a sua eficácia”, refere Valeria Motterle, P.O Projetos Internacionais da região de Veneto.
Rápida aquisição de capacidades
O curso de e-learning está estruturado em quatro módulos que incluem tópicos sobre “introdução à violência de género e ciberviolência”, “reconhecimento das formas mais comuns de ciberviolência de género”, “formação aprofundada sobre stalkerware”, “orientação prática sobre o que fazer quando se lida com ciberviolência e stalkerware”, de acordo com a área específica de atuação (órgão público, programa de agressores ou serviço de apoio à vítima).
“Embora os profissionais tenham conhecimento da existência de formas de violência online ou através de dispositivos utilizados de forma comum no nosso dia-a-dia, também admitem não possuir conhecimentos e habilidades específicas sobre o assunto, tanto no que se refere à deteção e avaliação da violência, como o trabalho prático com agressores ou vítimas. Este desconhecimento leva a uma baixa efetividade da prevenção e à contraposição das medidas adotadas por estes dois tipos de serviços”, afirma Elena Gajotto, Diretora de Projetos da Una Casa per l ‘Uomo.
Profissionais e funcionários públicos que desejem participar na formação devem registar-se através do formulário de inscrição disponível no site do DeStalk.
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