A TSMC, uma das maiores fabricantes de semicondutores do mundo, está sob intensa pressão depois de ter vindo a público que poderá enfrentar uma multa superior a mil milhões de euros por, alegadamente, ter fornecido chips a empresas chinesas ligadas à Huawei. A situação reacende as tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China e levanta novas questões sobre o controlo das tecnologias sensíveis.
Ligações entre a Sophgo e a Huawei estão no centro das suspeitas
De acordo com a agência Reuters, a TSMC terá produzido processadores de inteligência artificial para a empresa chinesa Sophgo. No entanto, uma das versões desses processadores — conhecida como SoC — foi mais tarde identificada no Ascend 910B, um produto da Huawei, o que levantou preocupações de segurança nos Estados Unidos.
Segundo analistas, terão sido produzidos cerca de três milhões de chips com as mesmas especificações dos encomendados pela Sophgo. Estes processadores acabariam por ser incorporados em produtos de inteligência artificial da Huawei, o que, se confirmado, violaria as regras de exportação impostas pelos EUA às empresas sancionadas.
Importa recordar que a TSMC utiliza equipamentos de fabrico de chips que integram tecnologia de origem norte-americana. Isso significa que qualquer transação que envolva empresas chinesas requer, por norma, uma licença emitida pelas autoridades dos Estados Unidos — especialmente quando se trata de processadores avançados.

EUA admitem penalizações severas para quem “quebra as regras”
O ambiente político nos EUA não está a favorecer a TSMC. Numa altura em que se discute a imposição de tarifas aduaneiras de 32% sobre produtos de Taiwan, a administração norte-americana já fez saber que pretende endurecer as penalizações a empresas que desrespeitem as restrições comerciais.
Howard Lutnick, Secretário do Comércio dos EUA, foi claro: “Queremos ver um aumento dramático na aplicação das leis e nas multas para quem infringe as regras. Já tivemos o suficiente de pessoas a tentar lucrar com aqueles que procuram destruir o nosso modo de vida.”
Por sua vez, Lennart Heim, investigador no Centro de Tecnologia, Segurança e Política da RAND, afirmou que a TSMC não deveria ter fabricado processadores baseados em IA para empresas chinesas, dado o risco de estas estarem ligadas a entidades sancionadas, como a Huawei.
TSMC e governo de Taiwan rejeitam acusações
A TSMC já veio a público garantir que está em conformidade com todas as leis e que não fornece chips à Huawei desde setembro de 2020. Nina Kao, porta-voz da empresa, afirmou que a TSMC está a cooperar com as autoridades norte-americanas no âmbito da investigação em curso.
Do lado do governo taiwanês, o ministro da Economia, Kuo Jyh-huei, indicou que nem o ministério, nem a TSMC receberam qualquer notificação formal sobre uma eventual multa. Ainda assim, o caso continua a ser acompanhado de perto, dada a sua relevância geopolítica e económica.
Este episódio vem acentuar o clima de incerteza que envolve a indústria tecnológica global, num momento em que as tensões entre as grandes potências estão longe de abrandar. A TSMC, considerada uma peça-chave na cadeia de produção de semicondutores, vê-se agora no centro de uma disputa com potenciais implicações sérias para o sector.
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