Um grave acidente ocorrido a 29 de março na província de Anhui, na China, resultou na morte de três estudantes universitárias que viajavam num Xiaomi SU7 Standard, o modelo base do novo carro elétrico da marca. Este é o primeiro caso de morte envolvendo este veículo, lançado há pouco mais de um ano, e levanta preocupações sérias sobre os sistemas de condução assistida e a segurança dos veículos elétricos.
Photo of the @Xiaomi SU7 before and after the crash. pic.twitter.com/xbufk06eHw
— Inconvenient Truths by Jennifer Zeng (@jenniferzeng97) April 2, 2025
Condução assistida e limitações tecnológicas sob escrutínio
O Xiaomi SU7 Standard, envolvido no acidente, é a versão mais acessível da gama SU7 e foi entregue às vítimas em outubro de 2024. Este modelo utiliza um sistema de condução assistida baseado exclusivamente em câmaras, conhecido como NOA (Navigate on Autopilot), ao contrário das versões Pro e Max, que também integram sensores LiDAR.
A colisão deu-se numa secção da autoestrada Dezhou-Shangrao (G0321), numa zona em obras onde a faixa de rodagem tinha sido reduzida. Segundo os dados registados pelo próprio veículo e fornecidos pela Xiaomi à polícia, o NOA foi ativado às 22h27, quando o carro seguia a 116 km/h. Quase 17 minutos depois, o sistema detetou obstáculos e iniciou uma desaceleração, emitindo alertas para o condutor. A reação humana foi quase imediata: em apenas um segundo, o volante foi rodado ligeiramente para a esquerda e os travões aplicados com 31% de intensidade. Um segundo depois, o travão foi reforçado até aos 38%. Ainda assim, o carro embateu num rail de betão a 97 km/h, seguido de um incêndio.
Incêndio e controvérsias sobre segurança
Um dos aspectos mais chocantes do caso é que as ocupantes terão ficado presas dentro do veículo após o embate. Uma publicação da mãe de uma das vítimas, feita na rede social Douyin, alega que as portas se trancaram automaticamente e não foi possível abri-las a tempo. A Xiaomi não conseguiu confirmar esta informação, mas mencionou que existe um botão de desbloqueio de emergência – cuja eficácia, neste caso, permanece incerta.
A origem do incêndio ainda está a ser investigada, mas a empresa afirmou que, segundo os seus dados, tudo indica que as chamas começaram no habitáculo e não na bateria. Outro detalhe preocupante: o sistema de travagem automática de emergência (AEB) não foi ativado porque o obstáculo — uma barreira de água — não é atualmente reconhecido pelo software de deteção da viatura.
Xiaomi promete cooperação total com as autoridades
A empresa chinesa criou uma equipa de investigação interna no dia seguinte ao acidente e forneceu os dados do veículo à polícia a 31 de Março. O CEO da Xiaomi, Lei Jun, lamentou publicamente o ocorrido e garantiu que a marca está a cooperar plenamente com as autoridades, além de prestar apoio às famílias das vítimas.
A Xiaomi também desmentiu rumores sobre o destino do veículo acidentado, assegurando que ainda não teve acesso ao carro, e reforçou que qualquer tentativa de especulação é prematura enquanto a investigação oficial estiver em curso.
Este trágico incidente sublinha os desafios que ainda existem na evolução da condução assistida e a necessidade urgente de revisão dos protocolos de segurança em veículos elétricos. O caso do SU7 poderá vir a marcar um ponto de viragem na forma como as marcas lidam com a responsabilidade tecnológica e a transparência perante o público.
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