A Runway revelou recentemente o seu mais recente modelo de inteligência artificial para geração de vídeo, o Gen-4, e tudo indica que poderá estar a marcar terreno num campo dominado, até agora, por ferramentas como a Sora, da OpenAI. A nova versão vem acompanhada de uma versão mais ágil, o Gen-4 Turbo, ambas com melhorias notáveis face ao Gen-3, sobretudo em termos de fidelidade visual, coerência narrativa e realismo nas animações.
Ao contrário das primeiras versões destes modelos, o Gen-4 aparenta compreender melhor o conceito de continuidade. Ou seja, os personagens mantêm a sua aparência entre diferentes cenas, os movimentos são mais suaves e naturais, e o ambiente interage com os elementos visuais de forma mais crível. Isto representa um avanço significativo num campo onde até as melhores ferramentas, como a própria Sora, ainda tropeçam ocasionalmente — com personagens que por vezes parecem flutuar ou cenários que desafiam a lógica.

De magos a princesas: quando a IA entra no mundo da fantasia
Para testar os limites do Gen-4, foi criado um pequeno conto visual protagonizado por um mago viajante e uma princesa elfa. A narrativa, composta por três curtas sequências, incluiu perseguições através de portais mágicos e transformações encantadas — tudo gerado com apenas algumas indicações em texto e imagens de referência.
Apesar de não se tratar de uma produção cinematográfica profissional, o resultado demonstrou bem o potencial criativo do Gen-4. A ferramenta permitiu a criação de vídeos com um nível de expressividade que se aproxima do que esperaríamos de um trabalho artístico com intervenção humana. Os rostos, expressões e até a linguagem corporal dos personagens refletem emoções de forma convincente, algo que modelos anteriores não conseguiam fazer com consistência.
Outro ponto a favor do Gen-4 é a interface simplificada de iteração. O utilizador não é bombardeado com opções complexas, mas também não fica limitado a um simples clique e espera. Há espaço para afinar o resultado, o que o torna mais apelativo para quem deseja participar ativamente no processo criativo.
Sora ainda lidera, mas a concorrência aperta
Embora a Sora continue a ser uma referência na área da geração de vídeo por IA, tem mostrado alguma instabilidade na qualidade dos seus resultados. A Runway aproveitou essa brecha para apresentar uma alternativa sólida, que poderá captar a atenção de criadores independentes, estudantes de cinema e até profissionais que procurem prototipar ideias de forma mais económica.
Neste momento, é improvável que o Gen-4 substitua ferramentas usadas em produções de grande escala. No entanto, para quem quer explorar conceitos visuais, experimentar narrativas ou até criar conteúdo artístico com um orçamento reduzido, esta nova proposta é uma forte candidata.
A Runway está claramente a apostar num público que procura equilíbrio entre controlo criativo e acessibilidade. Se continuares a experimentar com estas ferramentas e aprenderes a dominá-las, é possível que, em breve, te sintas confortável o suficiente para dispensar outras soluções mais complexas — e mais caras.
Enquanto a Sora continua a refinar os seus resultados, o Gen-4 chega com força, pronto para conquistar espaço num mundo onde a criatividade e a tecnologia caminham lado a lado.
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