Os Estados Unidos preparam-se para aplicar, nas próximas semanas, novas tarifas sobre a importação de smartphones, computadores, semicondutores e outros componentes eletrónicos. A medida, anunciada pelo Secretário do Comércio Howard Lutnick e divulgada pela ABC News, representa uma mudança estratégica para impulsionar a produção tecnológica no território americano.
De acordo com Lutnick, os EUA não podem continuar dependentes do Sudeste Asiático para o fabrico de componentes essenciais, como chips e painéis planos. “Precisamos que os semicondutores, chips e painéis sejam produzidos na América. Não podemos estar dependentes da Ásia para tudo o que usamos”, afirmou o secretário, sublinhando que a decisão visa reforçar a segurança nacional e a autossuficiência industrial.

Itens eletrónicos passam a ter tratamento especial
A decisão surge dias após o Presidente Donald Trump ter excluído temporariamente smartphones, portáteis e outros dispositivos das tarifas impostas a 2 de abril, data apelidada de “Dia da Libertação”. Apesar desta isenção inicial, Howard Lutnick esclareceu que esses produtos passam agora a integrar um novo grupo tarifário designado por “tarifas de tipo especial”, cuja implementação está prevista para os próximos um a dois meses.
Esta nova política segue o aviso das autoridades aduaneiras norte-americanas, em vigor desde 5 de abril, que já aplicava tarifas a produtos como discos rígidos e memórias. Empresas como a Apple e a Samsung, fortemente dependentes das cadeias de produção asiáticas, poderão ser diretamente impactadas por estas alterações.
Mudanças logísticas e impacto nos preços
Antecipando o novo cenário fiscal, a Apple terá deslocado parte do seu inventário da Índia e da China para os EUA no final de março, numa tentativa de evitar as tarifas associadas ao prazo imposto por Trump. Esta manobra, no entanto, levanta preocupações sobre a estabilidade das cadeias de fornecimento, além de pôr em evidência os desafios de adaptar processos de produção globais a políticas internas voláteis.
Especialistas alertam que estas medidas poderão ter consequências significativas nos preços finais dos produtos. A hipótese de um iPhone produzido exclusivamente nos EUA atingir um custo de 3.500 dólares já é mencionada como exemplo dos potenciais aumentos.
Uma estratégia de impacto global
A decisão da administração Trump reforça a aposta na produção nacional e afasta a possibilidade de negociações com países terceiros sobre o tema. Lutnick foi claro: “Estas são questões de segurança nacional. Precisamos que sejam feitas na América.”
Com estas novas tarifas, os EUA procuram não só proteger a sua economia como também influenciar o equilíbrio do comércio internacional. Esta viragem poderá forçar empresas tecnológicas a reavaliar estratégias logísticas e modelos de produção, com efeitos que se farão sentir muito para além das fronteiras americanas.
Outros artigos interessantes: