A Huawei continua a sua ambiciosa jornada para solucionar desafios no fabrico de processadores de inteligência artificial (IA), enfrentando as restrições impostas pelas sanções dos Estados Unidos.
Apesar de dificuldades na produção de tecnologias avançadas, a gigante chinesa tem feito progressos significativos para melhorar a eficiência energética dos seus processadores. Recentemente, a empresa patenteou uma tecnologia baseada na lógica ternária que promete reduzir o consumo de energia dos seus produtos.
Lógica ternária: Uma abordagem disruptiva
Enquanto a maioria dos processadores atuais opera com base em sistemas binários (0 e 1), a Huawei propõe uma mudança para sistemas de lógica ternária, que incorporam os valores -1, 0 e 1. De acordo com a patente registada, esta nova abordagem permite reduzir o número de transístores necessários nos processadores. Menos transístores equivalem a menor capacitância, o que, por sua vez, diminui a energia necessária para realizar alterações de estado.
O impacto desta inovação pode ser particularmente relevante para aplicações em centros de dados, onde o consumo energético elevado é uma preocupação crescente. Este avanço não só poderá reduzir custos operacionais como também tornar os processadores mais adequados para aplicações exigentes de IA. Além disso, a descoberta de métodos para fabricar estes componentes mais eficientes poderá impulsionar a produção de processadores no futuro.

A aposta em tecnologia avançada “Made in China”
Paralelamente ao desenvolvimento da lógica ternária, a Huawei está a testar uma nova maquinaria de fabrico de processadores conhecida como EUV (Litografia Ultravioleta Extrema), projetada na China. Esta ferramenta, patenteada em 2023 e recentemente aprovada para testes comerciais, utiliza um sistema LDP (Laser Discharge Plasma), que apresenta um design mais compacto e simples comparado aos sistemas LPP (Laser Produced Plasma) utilizados pelos líderes de mercado, como a ASML.
Esta inovação não só promete reduzir o consumo de energia das máquinas de fabricação, como também traz vantagens económicas ao ser mais acessível. Embora ainda em fase de testes, o desenvolvimento desta tecnologia representa um passo importante para intensificar a independência tecnológica da Huawei e da indústria chinesa de semicondutores.
Superar os desafios das sanções
As sanções impostas pelos EUA dificultaram o acesso da Huawei a ferramentas avançadas de fabrico de semicondutores, limitando a capacidade do fabricante de competir com outros líderes de mercado. No entanto, a resiliência da empresa tem sido notável, especialmente no setor da IA, onde soluções como a lógica ternária e as máquinas EUV refletem a sua determinação em superar barreiras.
Esta estratégia promete abrir portas para um futuro onde a Huawei esteja menos dependente de tecnologias externas, fortalecendo o seu posicionamento no mercado global. O impacto destas inovações será crucial para determinar o sucesso da empresa em enfrentar os desafios que lhe foram impostos. Para os próximos anos, o que surge claro é que a Huawei está disposta a apostar em avanços tecnológicos que não só beneficiem os seus produtos, mas também contribuam para a eficiência energética e sustentabilidade global.
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