O governo dos Estados Unidos impôs novas restrições à exportação de processadores da Nvidia para a China, visando especificamente o chip H20.
A notificação inicial ocorreu a 9 de abril de 2025, com a clarificação posterior, a 14 de abril, de que a exigência de licença para exportação vigorará por tempo indeterminado.
Segundo a Reuters, este desenvolvimento representa um desafio para a Nvidia, visto que o chip H20 foi concebido precisamente para contornar controlos de exportação anteriores impostos por Washington.
A empresa já antecipa um impacto financeiro substancial devido a esta medida, num contexto de contínuas tensões tecnológicas entre as duas maiores economias mundiais.

Detalhes das novas restrições ao chip H20
A administração norte-americana fundamenta a necessidade de licença para a exportação do chip H20 com o risco de estes componentes serem “utilizados em, ou desviados para, um supercomputador na China”, conforme comunicado pela própria Nvidia.
Esta ação reflete a preocupação contínua dos EUA relativamente ao avanço tecnológico chinês e às suas potenciais aplicações. A medida aplica-se de forma indefinida, criando incerteza sobre o acesso futuro da Nvidia ao mercado chinês com este produto.
Impacto financeiro e estratégico para a Nvidia
Como consequência direta das restrições, a Nvidia alertou para a possibilidade de registar perdas contabilísticas (writedowns) na ordem dos 5,5 mil milhões de dólares. Este valor, a ser reportado no primeiro trimestre fiscal de 2026 (que termina a 27 de abril de 2025), está associado a inventário e compromissos de produção relativos ao chip H20.
O H20 surgiu como uma alternativa ao H800, outro processador da Nvidia destinado à China que foi alvo de restrições em 2023. Embora intencionalmente menos potente que os chips de topo da Nvidia para treino de modelos de IA, o H20 é adequado para a fase de inferência em sistemas de inteligência artificial.
Contexto alargado e planos futuros
A limitação à exportação do H20 é mais um passo na política restritiva dos EUA, iniciada em outubro de 2022, para controlar o acesso da China a semicondutores avançados e tecnologia associada, invocando razões de segurança nacional. Estas medidas têm vindo a alargar o seu âmbito, incluindo componentes como memórias de alta largura de banda.
Em paralelo, e numa demonstração de foco no mercado doméstico, a Nvidia anunciou no início de abril de 2025 planos para fabricar supercomputadores de IA nos Estados Unidos, num investimento que poderá alcançar os 500 mil milhões de dólares nos próximos quatro anos, em colaboração com parceiros de fabrico globais.
Em suma, as novas restrições norte-americanas à exportação do chip H20 para a China colocam a Nvidia perante perdas financeiras consideráveis e dificultam a sua estratégia para o mercado chinês, que já tinha sido adaptada a controlos anteriores.
Este episódio evidencia a intensificação das tensões tecnológicas entre EUA e China e o seu impacto direto nas operações das empresas de semicondutores, enquanto a Nvidia reforça o investimento na capacidade produtiva em território norte-americano.
Outros artigos interessantes: