A série Black Mirror, conhecida pelas suas histórias inquietantes sobre tecnologia e comportamento humano, voltou a surpreender — desta vez, não só pelo enredo, mas também pela forma como apresenta os seus episódios.
Na sétima temporada, lançada recentemente na Netflix, é “Bête Noire” que está a gerar a maior onda de perplexidade entre os fãs. E com razão: há duas versões diferentes do mesmo episódio disponíveis na plataforma.
A distorção da realidade vai além do ecrã
“Bête Noire” acompanha Maria, interpretada por Siena Kelly, uma desenvolvedora de receitas numa empresa alimentar. O ambiente profissional, inicialmente tranquilo, transforma-se num pesadelo com o regresso de Verity (Rosy McEwen), uma figura perturbadora do passado de Maria. O drama atinge um novo nível quando Maria começa a perceber que Verity parece alterar a realidade de forma subtil, mas consistente — e sem que ninguém mais se aperceba.
O episódio mergulha o espetador numa tensão crescente, enquanto Maria tenta provar que as suas memórias são válidas, mesmo quando tudo à sua volta sugere o contrário. Um dos momentos mais estranhos do episódio surge quando há uma discussão aparentemente trivial entre os personagens: afinal, o nome do restaurante em questão é “Barnies” ou “Bernies”?
Este detalhe, aparentemente insignificante, torna-se o centro do desconcerto. Maria, convicta de que se chama “Barnies”, procura confirmação online — mas a internet apresenta provas do contrário. A dúvida instala-se tanto nela como no espetador.
Uma experiência interativa não anunciada
Não demorou até os fãs descobrirem que estavam, na verdade, a ver versões diferentes de “Bête Noire”. Dependendo do dispositivo, conta ou localização, há quem veja a versão onde o restaurante se chama “Barnies” e outros onde surge como “Bernies”. Esta revelação provocou um misto de confusão e fascínio entre os espetadores.
A descoberta começou a circular nas redes sociais, com utilizadores a relatarem experiências distintas. Um comentário no X (antigo Twitter) chamou a atenção: “Eu e o meu amigo estávamos a ver ‘Bête Noire’ e notámos uma diferença gritante entre os nossos episódios… até os espetadores estão a ser manipulados!”
A situação foi mais tarde confirmada por fontes como a Games Radar, que atestaram a existência de múltiplas versões do episódio. Ao que tudo indica, a Netflix e os criadores da série optaram por não anunciar esta escolha criativa, deixando que os fãs a descobrissem por si — o que, na prática, replica a sensação de incerteza vivida pela própria protagonista.
Referências cruzadas e pistas escondidas
Este tipo de estratégia não é inédito na série, mas raramente foi levado a este nível de imersão. Os mais atentos recordaram que na terceira temporada, no episódio “Shut Up and Dance”, já existia uma referência a um restaurante chamado “Barnies”. Será uma coincidência ou uma pista deixada deliberadamente?
As contas oficiais da série e da plataforma Netflix optaram por não esclarecer a situação. Pelo contrário, têm lançado mensagens ambíguas, que apenas adensam o mistério e incentivam os fãs a discutir teorias online.
Ao manipular não só o enredo, mas também a própria experiência de visualização, Black Mirror continua a desafiar os limites do formato televisivo. E tu, viste “Barnies” ou “Bernies”?
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