Um novo caso de alegada corrupção está a agitar o Parlamento Europeu, com a gigante tecnológica chinesa Huawei no centro das atenções. As autoridades belgas detiveram várias pessoas numa investigação que promete abalar os alicerces da instituição europeia.
Na passada quinta-feira, 13 de março, a polícia federal belga levou a cabo uma operação de busca em 21 locais diferentes, abrangendo não só a Bélgica, mas também Portugal. As buscas incluíram a sede da Huawei em Bruxelas e as residências de vários dos seus lobistas.
As autoridades procuravam provas de:
- Suborno ativo
- Falsificação de documentos
- Branqueamento de capitais
- Organização criminosa

Suspeitas de corrupção disfarçada de lobbying
De acordo com o Ministério Público Federal belga, as atividades corruptas terão ocorrido de forma regular e discreta desde 2021, mascaradas como lobbying comercial. As alegadas práticas incluíam:
- Compensações financeiras por posições políticas favoráveis
- Ofertas luxuosas, como refeições e despesas de viagem
- Convites frequentes para eventos desportivos, nomeadamente jogos de futebol
As investigações apontam para que a Huawei tenha sido a principal beneficiária deste esquema de corrupção. A empresa chinesa é suspeita de ter subornado atuais e antigos eurodeputados para influenciar decisões legislativas cruciais no seu benefício.
Um dos principais suspeitos é Valerio Ottati, um cidadão belga-italiano de 41 anos, antigo assessor de dois eurodeputados e atual diretor de Assuntos Públicos da Huawei para a UE.
Métodos sofisticados de suborno
Os investigadores acreditam que a Huawei utilizou diversos métodos para garantir a lealdade dos eurodeputados, incluindo:
- Bilhetes VIP para eventos desportivos
- Transferências bancárias dissimuladas através de uma empresa em Portugal
- Viagens e jantares de luxo
- Distribuição de equipamentos de telecomunicações de alta gama
Reação da Huawei e do Parlamento Europeu
A Huawei afirmou que está a levar as alegações a sério e que pretende comunicar urgentemente com as autoridades para compreender melhor a situação. A empresa sublinhou ter uma política de tolerância zero em relação à corrupção.
Por seu lado, o Parlamento Europeu confirmou ter recebido um pedido de cooperação das autoridades belgas e comprometeu-se a honrá-lo rapidamente.
Um novo “Qatargate”?
Este escândalo surge pouco mais de dois anos após o chamado “Qatargate”, que abalou Bruxelas em 2022. Na altura, vários eurodeputados foram acusados de aceitar subornos para promover os interesses do Qatar e de Marrocos.
A magnitude deste novo caso levanta sérias questões sobre a vulnerabilidade do Parlamento Europeu a influências estrangeiras e sobre a eficácia das medidas de transparência implementadas após o “Qatargate”.
À medida que a investigação avança, é provável que surjam mais detalhes sobre o alcance deste alegado esquema de corrupção. Fica claro que este caso poderá ter repercussões significativas não só para a Huawei, mas também para a credibilidade das instituições europeias.
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