Elon Musk voltou a surpreender durante a apresentação dos resultados financeiros da Tesla referentes ao quarto trimestre de 2024. A empresa registrou receitas abaixo das expectativas, o que provocou uma queda inicial de 4% no valor das ações.
Contudo, as declarações ambiciosas do CEO sobre lançamentos para 2025 reacenderam o debate sobre a credibilidade das suas previsões.
Robotáxi sem condutor chega em junho (supostamente)
A principal novidade é o anúncio de um serviço de transporte autónomo, batizado de Unsupervised Full Self-Driving, que deverá estrear em junho deste ano. A iniciativa começará em Austin, Texas, mas com duas condicionantes: será um serviço pago e estará limitado a zonas geográficas específicas.
A decisão de não disponibilizar a tecnologia aos clientes que já adquiriram o pacote Full Self-Driving (cujo preço ronda os 12.000 dólares) gerou perplexidade. Analistas especulam que a Tesla pretende concorrer diretamente com a Waymo, empresa da Alphabet que já opera táxis autónomos em quatro cidades norte-americanas com resultados comprovados.

Modelos mais baratos em produção para 2025
Para além da autonomia total, Musk garantiu que a marca avançará com veículos elétricos acessíveis, com preços entre 30.000 e 40.000 dólares (aproximadamente 27.500 euros). Estes modelos, inspirados no design do Model 3 e Model Y, deverão entrar em produção na primeira metade de 2025.
A estratégia parece responder à pressão de fabricantes chineses como a BYD, que já comercializa carros elétricos por menos de 20.000 dólares. Contudo, a Tesla não revelou detalhes técnicos, autonomia ou sequer imagens dos protótipos, deixando investidores e entusiastas dependentes de promessas genéricas.
O disco riscado de Musk
Há um padrão reconhecível nas intervenções públicas do CEO: anunciar marcos revolucionários, gerar excitação mediática e depois adiar indefinidamente a concretização. A condução autónoma total é um exemplo flagrante — prometida desde 2016, continua enclausurada em betas experimentais.
A falta de transparência sobre prazos e especificações técnicas contrasta com avanços reais da concorrência. Empresas como a Waymo registaram, em 2023, uma média de 64.000 quilómetros percorridos por cada intervenção humana necessária. A Tesla, por seu lado, mantém o sistema classificado como Nível 2 de autonomia, que exige supervisão constante do condutor.
O que está em jogo para a Tesla
Apesar do frenesim em torno das novidades, convém não esquecer os feitos concretos da marca:
- A rede Supercharger continua a ser a mais fiável do setor
- O Model Y foi o carro mais vendido do mundo
- As vendas globais de veículos elétricos mantêm liderança
O risco, segundo especialistas consultados pela Forbes, é que o foco excessivo em projetos futuristas dilua os recursos necessários para manter a liderança em áreas onde a Tesla já domina. Enquanto isso, fabricantes tradicionais preparam modelos elétricos com autonomia superior a 600 km por valores mais competitivos.
Será 2025 o ano em que Musk cumpre finalmente as suas profecias? A comunidade tecnológica mantém-se dividida. Enquanto alguns apontam para avanços na inteligência artificial da empresa, outros recordam que a legislação norte-americana ainda não autoriza veículos totalmente autónomos sem volante — um detalhe jurídico que poderá adiar indefinidamente o tão aguardado robotáxi.
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