Num projeto desenvolvido em parceria com o Basque Center on Cognition, Brain and Language (BCBL) de San Sebastián, a Meta apresentou o Brain2Qwerty – um modelo de inteligência artificial capaz de descodificar atividade cerebral e transformá-la em texto escrito. O sistema, testado com 35 voluntários saudáveis, utiliza métodos não invasivos para ler sinais neuronais durante a digitação de frases.
Como funciona a tecnologia de leitura cerebral
O Brain2Qwerty combina duas técnicas de neuro imagem:
- MEG (Magnetoencefalografia): deteta campos magnéticos gerados pela atividade neuronal
- EEG (Eletroencefalografia): mede impulsos elétricos através de elétrodos no couro cabeludo
Durante os testes, os participantes digitaram frases memorizadas num teclado QWERTY enquanto equipamentos registavam a sua atividade cerebral. Um modelo de aprendizagem profunda em três fases processa os dados:
- Extrai padrões temporais e espaciais dos sinais
- Analisa o contexto através de redes neuronais transformadoras
- Refina as previsões usando modelos linguísticos pré-treinados
Resultados impressionantes
A precisão média alcançada foi de:
Método | Taxa de erro por carácter |
---|---|
MEG | 32% |
EEG | 67% |
Nos melhores casos, o sistema reduziu o erro para 19% com MEG, reconstruindo frases completas apenas com sinais cerebrais.

Desafios tecnológicos e médicos
Apesar do avanço, o Brain2Qwerty enfrenta obstáculos significativos:
- Equipamentos de MEG pesam meia tonelada e custam 2 milhões de dólares
- Requer salas blindadas magneticamente para evitar interferências
- O utilizador precisa permanecer imóvel durante a utilização
- Testes limitados a pessoas sem deficiências motoras ou de fala
“Esta investigação abre caminho para novas formas de comunicação assistida, mas precisamos melhorar a performance e acessibilidade antes de aplicações clínicas”, explica o relatório da Meta.
Modelo da Meta tem o potencial para revolucionar a medicina
A tecnologia promete ajudar pessoas com:
- Síndrome do enclausuramento
- Lesões cerebrais traumáticas
- Esclerose lateral amiotrófica (ELA)
Casos de sucesso prévios incluem o BrightHeart, software francês que usa IA da Meta para detetar cardiopatias fetais em ecografias, já aprovado pela FDA.
A Meta doou 2.2 milhões de dólares ao Hospital Rothschild para avançar na investigação neurotecnológica. O objetivo é reduzir o tamanho dos equipamentos e adaptar o sistema para uso em ambientes domésticos.
“Entender como o cérebro transforma pensamentos em ações motoras é crucial para desenvolver interfaces intuitivas”, destaca o estudo.
Enquanto aguardamos versões portáteis desta tecnologia, o Brain2Qwerty marca um ponto de viragem na interação entre humanos e máquinas — provando que escrever com a mente pode deixar de ser ficção científica.
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