A Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, confirmou oficialmente a construção do Project Waterworth, um cabo submarino de mais de 50.000 quilómetros que ligará os Estados Unidos, Brasil, Índia, África do Sul e Europa.
Esta é a primeira infraestrutura submarina totalmente detida pela empresa, marcando uma mudança estratégica no controlo da sua rede global de dados. O anúncio surge após meses de rumores e promete revolucionar a velocidade e estabilidade das comunicações digitais.

Tecnologia pioneira para evitar riscos subaquáticos
O Project Waterworth destaca-se por ser o primeiro cabo submarino do mundo com 24 pares de fibras óticas numa única estrutura, permitindo transmissões de dados em larga escala. Para minimizar danos causados por âncoras de navios ou deslizamentos submarinos, a Meta decidiu instalar o cabo a profundidades recordes de até 7.000 metros. Esta abordagem inédita reduz o risco de interrupções, garantindo maior fiabilidade para serviços como streaming de vídeo, transações online e plataformas de inteligência artificial.
A empresa revelou ainda que o trajeto do cabo foi planeado para evitar zonas de elevada atividade sísmica e rotas marítimas congestionadas. Esta decisão técnica reflete lições aprendidas com incidentes em outros cabos submarinos, que frequentemente sofrem cortes devido a fatores externos.
Índia assume papel central na manutenção do cabo
Além da Meta, a Índia é um parceiro fundamental no projeto. Um comunicado conjunto EUA-Índia, divulgado após a visita do primeiro-ministro Narendra Modi aos Estados Unidos, confirmou que o país asiático financiará e gerirá a secção do cabo no Oceano Índico.
Esta colaboração reforça a posição da Índia como hub tecnológico global, já que o país alberga 17 cabos submarinos ativos e prepara a chegada de mais dois até 2025.
A participação indiana inclui:
- Investimento financeiro em infraestruturas de reparação e manutenção.
- Partilha de know-how técnico para operações em águas profundas.
O que levou a Meta a decidir avançar com este investimento milionário?
Atualmente, as plataformas da Meta são responsáveis por 10% do tráfego global de internet fixa e 22% do tráfego móvel. Com o crescimento de serviços dependentes de alta velocidade, como IA generativa e realidade virtual, a empresa busca reduzir a dependência de operadoras terceiras. Ter controlo total sobre o cabo permite:
- Melhor desempenho para aplicações como o metaverso.
- Custos operacionais mais baixos a longo prazo.
- Maior segurança contra interrupções externas.
Embora a Meta não tenha detalhado planos específicos para o Waterworth, o cabo alinhar-se-á com iniciativas como o desenvolvimento de data centers sustentáveis e a expansão de serviços em mercados emergentes, como o Brasil.
Desafios logísticos e próximos passos
A construção de cabos submarinos exige navios especializados, equipados com guinchos capazes de manusear milhares de toneladas de material. A escassez global destes recursos e os custos elevados (estimados em centenas de milhões de dólares) podem prolongar o prazo de conclusão do projeto. Especialistas sugerem que a Meta poderá priorizar segmentos específicos do cabo, concluindo-o em fases até 2026.
Para os utilizadores, este investimento traduzir-se-á em experiências online mais rápidas e estáveis, especialmente em regiões com infraestrutura limitada. No entanto, o projeto também levanta questões sobre o crescente poder das gigantes tecnológicas na gestão de infraestruturas críticas globais. Enquanto aguardamos mais detalhes, uma coisa é clara: a batalha pelo domínio da conectividade digital está a ser travada no fundo dos oceanos.
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