A Google está a preparar-se para lançar um modelo de machine learning que estima a idade dos utilizadores através do comportamento online. O sistema, que entra em fase de testes nos EUA este ano, promete revolucionar a forma como a empresa aplica medidas de proteção a menores sem depender exclusivamente de documentos de identificação.
O algoritmo analisa padrões como:
- Histórico de pesquisas no Google
- Tipo de conteúdos visualizados no YouTube
- Tempo de existência da conta
- Interações com serviços como Gmail e Google Maps
Utilizadores que frequentemente pesquisam termos relacionados a empréstimos bancários, impostos ou mostram padrões de consumo típicos de adultos terão maior probabilidade de ser classificados como maiores de 18 anos. A empresa garante que o sistema não armazena dados pessoais identificáveis durante o processo.
Verificação complementar para casos duvidosos
Quando o algoritmo deteta possíveis inconsistências (como uma conta criada há 10 anos com atividade recente em conteúdos infantis), é acionado um processo de confirmação que inclui:
- Análise de selfie: comparação facial com fotos de documentos
- Verificação por cartão de crédito: confirmação de titularidade
- Upload de documento de identidade: válido em 46 países
Medidas de proteção ativadas automaticamente
Quando o sistema identifica uma conta de menor, múltiplas camadas de segurança são implementadas sem intervenção do utilizador. O SafeSearch, filtro que bloqueia conteúdos explícitos em resultados de pesquisa, fica permanentemente ativado, limitando acesso a material inadequado. No YouTube, algoritmos complementares restringem a visualização de vídeos com classificações etárias mais elevadas, mesmo que o utilizador tente contornar as definições padrão.
Paralelamente, as funcionalidades de partilha de localização passam a ter restrições rigorosas, impedindo que apps como o Google Maps revelem coordenadas geográficas em tempo real sem autorização explícita. Na Play Store, surge uma barreira adicional: qualquer tentativa de compra ou download pago exige confirmação através de métodos predefinidos, como a validação por código enviado ao email dos responsáveis.
Estas medidas combinam-se para criar um ecossistema digital adaptativo, onde as limitações técnicas substituem a necessidade de supervisão constante por parte dos adultos. A Google reforça que as configurações podem ser personalizadas posteriormente, mas apenas através de contas verificadas como pertencentes a maiores de idade.
Expansão global e desafios regulatórios
A tecnologia chegará primeiro aos EUA, seguindo-se países da União Europeia em 2026. Especialistas alertam para potenciais conflitos com:
Regulamento | Desafio |
---|---|
RGPD | Armazenamento de dados biométricos |
Lei de Proteção de Dados do Brasil | Consentimento parental |
COPPA (EUA) | Precisão na classificação etária |
A Google já confirmou que está a desenvolver um painel de controlo parental integrado no Google Family Link, permitindo que responsáveis definam horários de uso e aprovem aplicações instaladas.
Próximos passos incluem testes com grupos focais em Portugal ainda este ano, embora a empresa não tenha revelado datas específicas para a implementação global completa. Enquanto isso, organizações de defesa digital recomendam que os pais atualizem regularmente as configurações de segurança das contas familiares.
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