A juíza Kathaleen McCormick, do Tribunal de Delaware, manteve hoje a sua decisão inicial de janeiro e rejeitou novamente o controverso pacote de compensação da Tesla para Elon Musk, atualmente avaliado em 101 mil milhões de dólares. Esta decisão representa um duro golpe para o multimilionário, que tentava recuperar um dos maiores pacotes de compensação executiva da história empresarial.
O plano, inicialmente aprovado em 2018, permitiria a Musk adquirir cerca de 304 milhões de ações da Tesla a um preço preferencial de 23,33 dólares por ação. Com a atual cotação da empresa a rondar os 357 dólares por ação, o valor total do pacote disparou para mais de 101 mil milhões de dólares, ultrapassando significativamente a avaliação inicial de 56 mil milhões.
A decisão surge após uma tentativa da Tesla de contornar a anulação do pacote através de uma nova votação dos acionistas, realizada em junho de 2024. No entanto, a juíza considerou que esta manobra apresentava “quatro falhas fatais”, incluindo problemas processuais e declarações materialmente falsas ou enganosas aos acionistas.
Consequências financeiras significativas
A decisão judicial não se limitou apenas à rejeição do pacote de compensação. O tribunal ordenou ainda que a Tesla pague 345 milhões de dólares em honorários aos advogados do queixoso, Richard Tornetta, que inicialmente contestou o plano de compensação. Este valor representa 15% dos 2,3 mil milhões de dólares que a juíza estimou como benefício para os acionistas resultante da anulação do pacote.
Os advogados do queixoso tinham solicitado inicialmente 5,6 mil milhões de dólares em honorários, um valor que a juíza considerou excessivo, optando por uma abordagem mais conservadora na sua avaliação. A Tesla tem agora a opção de efetuar este pagamento em ações da empresa.
A decisão destaca também as preocupações sobre conflitos de interesse no conselho de administração da Tesla, com a juíza McCormick a sublinhar que muitos membros do conselho eram demasiado próximos de Musk ou apresentavam conflitos comprometedores.
Implicações para o futuro da gestão empresarial
Esta decisão estabelece um precedente importante para a governação empresarial, especialmente em casos envolvendo executivos com participações significativas nas suas empresas. A juíza criticou especificamente a tentativa da Tesla de utilizar uma nova votação dos acionistas como forma de “curar” problemas fiduciários já identificados.
O caso sublinha a importância da independência do conselho de administração e da transparência nas decisões sobre compensação executiva. A juíza McCormick enfatizou que uma simples votação dos acionistas não pode validar retroativamente uma transação problemática com um controlador em conflito.
Apesar da Tesla ter mudado a sua sede corporativa para o Texas, o tribunal de Delaware manteve jurisdição sobre este caso, uma vez que a empresa estava incorporada neste estado quando o processo foi iniciado. Esta decisão reafirma o papel fundamental de Delaware na regulação da governação empresarial americana.
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